BRASÍLIA (Reuters) -O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, fez um aceno nesta quarta-feira aos militares e sinalizou que poderá haver um teste de integridade das urnas eletrônicas com a utilização da biometria dos eleitores, conforme sugestão das Forças Armadas.
Até a eleição passada, o teste de integridade era sempre realizado nos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) no mesmo dia da votação, sendo acompanhado por uma auditoria externa. A intenção dos militares seria levar essa etapa de testagem para as seções eleitorais, com a inclusão da biometria.
Em comunicado divulgado pelo TSE após encontro de Moraes com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, as duas instituições ressaltaram a "importância" de se realizar esse tipo de teste.
"A importância da manutenção da realização do Teste de Integridade --que ocorre desde 2002-- como mecanismo eficaz de auditoria foi ressaltada por ambas as áreas técnicas, que apresentarão, em conjunto, a possibilidade de um projeto piloto complementar, utilizando a biometria de eleitores reais em algumas urnas indicadas para o referido teste, conforme sugestão das Forças Armadas no âmbito da Comissão de Transparência das Eleições", afirmou a nota.
O comunicado, entretanto, não dá detalhes se seria para implementação na eleição deste ano, em outubro, e quais locais poderiam ser objeto do projeto piloto. Procurados, tanto o TSE quanto o Ministério da Defesa não apresentaram informações adicionais.
Esse foi o segundo encontro entre as duas autoridades, dessa vez contou com a realização de apresentações técnicas. A cerca de um mês das eleições, Moraes tem buscado estreitar os laços com militares após atritos com a cúpula das Forças Armadas durante a gestão do antecessor dele no cargo, ministro Edson Fachin.
As tratativas ocorrem em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, ao sistema de votação por meio das urnas eletrônicas. Em segundo lugar nas pesquisas, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro fez acusações sem provas sobre fraudes, apesar de as urnas nunca terem sido violadas.
No comunicado divulgado após o encontro, o TSE e o Ministério da Defesa reconheceram o êxito dos testes de verificação das urnas realizados por universidades e destacaram a importância de se realizar um evento público com a Comissão de Transparência Eleitoral e as entidades fiscalizadoras para a apresentação dos resultados.
Segundo o comunicado, também se reafirmou que haverá a divulgação de todos os boletins de urna (BUs) pelo TSE, o que permitirá a conferência e totalização dos resultados eleitorais pelos partidos políticos e entidades independentes.
(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca e Eduardo Simões)