BRASÍLIA (Reuters) - Uma equipe de fiscalização do Ibama entrou em confronto com garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami no domingo, um dia após ataque a indígenas na região de Uxiu, e quatro garimpeiros foram mortos, informou o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima nesta segunda-feira.
Segundo a pasta, as equipes de fiscalização foram atacadas quando realizavam ação de fiscalização em área de garimpo ilegal na região de Uiaiacás. A região é investigada sob a suspeita de que uma organização criminosa controla o garimpo.
Foram apreendidas 11 armas com os garimpeiros --espingardas calibre 12mm, um fuzil e pistolas calibre .45, de uso restrito.
No sábado, três indígenas foram atacados por garimpeiros na região de Uxiu. Um deles, o agente de saúde Ilson Xirixana, de 36 anos, morreu, e dois seguem internados.
O ataque do domingo é o quarto contra esquipes do Ibama desde o início da retomada do território Yanomami. O governo colcou em prática uma operação de desintrusão da área do povo yanomami desde o início do ano, quando veio à tona uma crise humanitária envolvendo os indígenas. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou emergência de saúde para os yanomami e colocou em prática uma força-tarefa envolvendo militares, policiais, órgãos de proteção do meio ambiente e dos povos indígenas para retirar os invasores.
Cerca de 20 mil garimpeiros ocupavam a maior reserva indígena do Brasil, onde o garimpo figura como um problema antigo na região onde vivem os yanomami. Quando a reserva Yanomami foi demarcada e reconhecida pelo governo em 1992, em Roraima, autoridades montaram uma operação para expulsar milhares de garimpeiros.
Eles voltaram à área em números expressivos sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que defendia a mineração em terras indígenas e cuja gestão fechou os olhos para invasões de reservas por garimpeiros e madeireiros ilegais.
A expulsão dos garimpeiros das terras Yanomami levantou preocupações acerca de migração deles para outros territórios indígenas, que também já passam por problemas relacionados à disputa agrária, além de questões sanitárias e ambientais.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)