Por Randi Love e Danielle Broadway
NOVA YORK (Reuters) - Sob o olhar de equipes de contraterrorismo e policiais em equipamentos táticos, centenas de pessoas se reuniram em frente à Biblioteca Pública de Nova York na sexta-feira para mostrar apoio a Salman Rushdie, o autor esfaqueado várias vezes em um evento literário há uma semana.
O romancista irlandês Colum McCann, o escritor britânico Hari Kunzru e outros leram trechos das obras de Rushdie do alto da escadaria da icônica biblioteca na Quinta Avenida de Manhattan. Abaixo, à distância imposta pelos organizadores, uma multidão de cerca de 400 pessoas se reuniu para ouvir, irrompendo em um canto de "Estamos com Salman" quando o evento terminou.
Alguns seguravam cartazes representando Rushdie e citando-o, dizendo: "Se não estamos confiantes em nossa liberdade, então não somos livres".
Segundo a polícia, Rushdie foi atacado por um homem de 24 anos de Nova Jersey, que correu até o palco onde o escritor estava e o esfaqueou no pescoço e no torso em um festival literário no oeste de Nova York na semana passada. Rushdie, que foi levado às pressas para um hospital, sobreviveu.
Não havia verificações de bagagem ou detectores de metal para rastrear armas no evento que teria a participação de Rushdie, que vivia sob uma pena de morte há 33 anos.
O suspeito se declarou inocente das acusações de tentativa de homicídio em segundo grau e agressão.
“Espero que este seja um alerta de que pessoas como Salman, que são destemidos, que escrevem as coisas como as veem, que não têm medo de falar a verdade como a veem, realmente estão em perigo”, disse a diretora-executiva da organização PEN America, Suzanne Nossel. O grupo sem fins lucrativos de liberdade de expressão e direitos humanos ajudou a organizar o evento.
Os participantes falaram de suas preocupações consigo mesmos e com outros escritores após o ataque.
"Estamos todos em perigo. E alguns de nós estão mais abertamente em perigo do que o resto", disse a escritora iraniana-americana Roya Hakakian em entrevista.