👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Espionagem paralela da Abin monitorou ministros do STF, Maia e promotora do caso Marielle, aponta Moraes

Publicado 25.01.2024, 15:33
© Reuters. Carro da Polícia Federal em frente à sede da Abin, em Brasília
21/12/2005
REUTERS/Jamil Bittar

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A estrutura paralela montada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro sob o guarda-chuva do então diretor-geral do órgão, o atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), monitorou ao menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e até uma promotora de Justiça que investigava o assassinato da vereadora Marielle Franco, apontou despacho do ministro do STF Alexandre de Moraes vista pela Reuters.

Moraes autorizou nesta quinta-feira uma operação da Polícia Federal que teve Ramagem como principal alvo das buscas e apreensões. A PF chegou a pedir a suspensão de Ramagem -- que é delegado de carreira da corporação -- do cargo de deputado federal, mas o ministro do STF rejeitou o pedido.

"A Polícia Federal aponta que Alexandre Ramagem utilizou de sua posição de diretor-geral da Abin para incentivar e encobrir a utilização indevida da ferramenta First Mile, bem como -- aponta a natureza gravíssima -- da sua posição de parlamentar para requisitar informações sobre as investigações subsequentes", afirmou o magistrado.

"Em que pese a gravidade das condutas do investigado, Alexandre Ramagem, bem analisadas pela Polícia Federal, nesse momento da investigação não se vislumbra a atual necessidade e adequação de afastamento de suas funções. Essa hipótese poderá ser reanalisada se o investigado voltar a utilizar suas funções para interferir na produção probatória ou no curso das investigações", decidiu.

Intimado, Ramagem não depôs à PF nesta quinta. Procurada, a assessoria de imprensa dele disse que o deputado estava "se inteirando da operação ainda" e iria se posicionar posteriormente.

Em entrevista à GloboNews no final da tarde, o deputado negou ter cometido qualquer irregularidade.

"Agora que tive acesso ao parecer do MP e a decisão judicial o que nós vemos é uma salada de narrativas, inclusive antigas, já superadas, colocadas para imputar negativamente, criminalmente, o nome da gente sem qualquer conjunto probatório", disse ele.

INSTRUMENTALIZAÇÃO

As investigações apontaram que a Abin foi instrumentalizada para se tentar fazer uma indevida associação de deputados federais e dos ministros do STF Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Gilmar Mendes com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, de acordo com o despacho.

"O arquivo ‘Prévia Nini.docx’ mostra a distorção, para fins políticos, da providência, indicando a pretensão última de relacionar... os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital – PCC, alimentando a difusão de fake news contra os magistrados da Suprema Corte”, disse Moraes, citando trecho de representação da Procuradoria-Geral da República.

O ex-deputado Rodrigo Maia, que presidiu a Câmara nos dois primeiros anos do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro e com quem o então presidente teve grandes embates, também foi alvo da estrutura paralela montada na Abin, segundo as investigações mencionadas no despacho de Moraes. Essa estrutura chegou a monitorar o dono de um carro que participou de um jantar onde estava Maia.

No caso do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, que foi morta a tiros em uma emboscada em março de 2018, as investigações identificaram um resumo do currículo da promotora de Justiça do Rio de Janeiro que coordenava a força-tarefa sobre o homicídio, de acordo com a decisão do ministro do Supremo.

"O documento tem a mesma ausência de identidade visual nos moldes dos relatórios apócrifos da estrutura paralela”, destacou a decisão de Moraes.

FILHOS DE BOLSONARO

Na decisão, Moraes destacou que a Abin também foi utilizada para "fins ilícitos" para a preparação de relatórios para a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente que foi alvo de investigações da PF. Também foram usados os serviços da agência para interferir em investigações e fazer prova a favor de Jair Renan Bolsonaro, outro filho do presidente.

"A utilização da Abin para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro, sob responsabilidade de Marcelo Bormevet, que ocupava o posto de chefe do Centro de Inteligência Nacional – CIN, como bem destacado pela Procuradoria-Geral da República", citou Moraes, em um dos trechos.

Em nota, Flávio Bolsonaro disse ser mentira que a Abin tenha atuado para favorecê-lo. "Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro", disse.

Na entrevista à GloboNews, Ramagem rejeitou as acusações e disse que trabalhou para organizar a agência. Ele chegou a chamar o órgão que comandou de "bagunça" pelo uso da ferramenta de geolocalização -- embora tenha ressaltado que em nenhuma operação do planejamento ela foi utilizada. Ainda assim, citou que o programa foi comprado em 2018, antes da sua gestão, mas seu uso era considerado legal por órgãos de controle.

© Reuters. Carro da Polícia Federal em frente à sede da Abin, em Brasília
21/12/2005
REUTERS/Jamil Bittar

O deputado defendeu ainda a legalidade da Abin, que está subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, de verificar situações que envolvem os filhos de Bolsonaro e que o caso envolvendo a promotora do caso Marielle se trata de um trabalho de coleta de dados natural de um órgão de inteligência, ainda que tenha considerado não haver durante sua época uma "organização de procedimentos" na agência.

Jair Renan não se manifestou num primeiro momento.

Um representante de Bolsonaro não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a operação.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.