Por Simon Lewis
WASHINGTON (Reuters) - O Departamento de Estado dos Estados Unidos se pronunciou nesta terça-feira sobre uma polêmica envolvendo uma apresentação do cofundador do Pink Floyd, Roger Waters, denunciando o show do cantor em Berlim como "profundamente ofensivo ao povo judeu" e acusando Waters de ter um histórico de uso de retóricas antissemitas.
Waters, de 79 anos, disse que a apresentação do mês passado, durante a qual ele vestiu um sobretudo preto com um emblema semelhante à suástica, foi uma declaração contra o fascismo, a injustiça e o fanatismo e chamou as críticas de "dissimuladas e politicamente motivadas".
A polícia de Berlim disse que está investigando Waters por suspeita de "incitação do povo". Os críticos online incluíram a enviada especial dos EUA para monitoramento e combate do antissemitismo, Deborah Lipstadt, que chamou o show de "distorção do Holocausto" e retransmitiu um tuíte do coordenador da Comissão Europeia no combate ao antissemitismo denunciando Waters.
Em comentários enviados por e-mail e não atribuídos a uma autoridade nomeada, o Departamento de Estado endossou o comentário de Lipstadt e disse que o show de Waters em Berlim "continha imagens profundamente ofensivas ao povo judeu e minimizava o Holocausto".
"O artista em questão tem um longo histórico de uso de alegorias antissemitas" para difamar o povo judeu, acrescentou o departamento.
O departamento não respondeu às perguntas subsequentes, incluindo se as autoridades assistiram ao show e de que forma, e não deu exemplos do suposto uso de alegorias antissemitas por parte de Waters.
Imagens do show de 17 de maio mostraram o famoso cantor e baixista apontando a réplica de uma metralhadora para a plateia enquanto recriava cenas de um filme baseado no aclamado álbum de 1979 do Pink Floyd, "The Wall", uma crítica ao fascismo.
Waters disse no Twitter que a representação de "um demagogo fascista desequilibrado" tem sido uma característica de seus shows desde "The Wall".