Por Federico Maccioni
MILÃO (Reuters) - A fotografia de uma mulher vestindo um chador branco com estampas e diante de um tapete persa pendurado é talvez a imagem mais marcante de uma nova exposição em Milão que visa lançar luz sobre a vida das mulheres no Irã de hoje.
A mulher é fotografada de costas e a estampa de seu chador, que a cobre completamente, parece se entrelaçar com o denso desenho floral do tapete.
A imagem faz parte da primeira exposição individual da fotógrafa iraniana Farnaz Damnabi, inaugurada na galeria 29 ARTS IN PROGRESS de Milão nesta terça-feira.
Damnabi, de 29 anos, disse à Reuters que a foto foi tirada na sagrada cidade xiita de Mashhad, um dos lugares mais conservadores do Irã, onde as mulheres só seriam fotografadas se seus rostos não fossem mostrados.
"Na minha opinião, em vários aspectos as mulheres são invisíveis, mas são muito poderosas e corajosas", disse ela, acrescentando que se tornou fotógrafa para levar a vida das pessoas comuns a um público mais amplo.
Damnabi, que vive e trabalha em Teerã, viajou pelo Irã para documentar a vida das mulheres, entre outros temas. As mulheres são retratadas vivendo o cotidiano em casa, no trabalho, na cidade e no campo.
As fotos foram tiradas antes do início de grandes protestos no Irã no ano passado, após a morte sob custódia policial de uma mulher de 22 anos presa por supostamente violar as regras do hijab, levando à pior crise de legitimidade para os governantes clericais do país desde a revolução islâmica de 1979.
(Reportagem adicional de Parisa Hafezi em Dubai)