Por Anna Mehler Paperny
TORONTO (Reuters) - As estrelas e a inspiração da vida real para o filme "As Nadadoras" desfilaram pelo tapete vermelho na quinta-feira para abrir o 47º Festival Internacional de Cinema de Toronto, a primeira edição presencial da celebração do cinema de Toronto desde a pandemia.
"As Nadadoras", um filme da Netflix (NASDAQ:NFLX) que estreia em alguns cinemas em 23 de novembro, é uma dramatização da história real de duas irmãs que fugiram de casa e enfrentaram uma jornada angustiante antes de reconstruir suas vidas e, para uma delas, chegar aos Jogos Olímpicos.
As irmãs Yusra e Sara Mardini, interpretadas pelas irmãs da vida real Nathalie Issa e Manal Issa, fugiram da capital da Síria, Damasco, devastada pela guerra, para buscar uma nova vida na Europa. Elas cruzaram o Líbano e a Turquia e enfrentaram uma travessia muitas vezes letal para os imigrantes no Mar Mediterrâneo, ajudando a levar seu bote superlotado para a costa. Elas chegaram à Grécia e continuaram para a Alemanha.
Yusra Mardini foi selecionada para competir pela primeira na equipe olímpica de refugiados no Rio de Janeiro em 2016. Sua irmã Sara, por sua vez, tornou-se ativa ajudando refugiados.
Essa realidade ficou evidente quando as equipes de filmagem viram botes com imigrantes da vida real enquanto filmavam a cena do bote do filme, disse a diretora Sally El Hosaini à Reuters.
"Vimos os botes cruzando quando estávamos filmando. E isso só lembra o quão importante é essa história."
Manal Issa, que interpreta Sara Mardini no filme, disse que o discurso sobre refugiados e solicitantes de refúgio precisa mudar tanto na ficção quanto na cobertura jornalística, destacando o que ela disse ser uma abordagem diferente para refugiados que fogem da guerra na Ucrânia daqueles de fora da Europa.
"Você sabe o que aconteceu este ano com a Ucrânia: 'Não é o Afeganistão. Não é a Síria'... É nisso que as pessoas acreditam."
(Reportagem de Anna Mehler Paperny)