Por Sebastian Rocandio e Rodrigo Viga Gaier
PETRÓPOLIS/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um temporal deixou ao menos 94 mortos e provocou uma enorme destruição na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, informaram autoridades nesta quarta-feira, enquanto equipes de resgate seguem as buscas por vários desaparecidos em meio a um cenário "quase de guerra".
As ruas da cidade foram inundadas pela chuva forte, que provocou desabamentos e deslizamentos de terra que resultaram na morte de pessoas soterradas. Até 80 casas foram atingidas por barreiras e deslizamentos no Morro da Oficina, um dos locais mais críticos no momento, de acordo com as autoridades.
Várias equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e prefeitura estão trabalhando no local. De acordo com parentes e amigos, haveria muitas pessoas soterradas na região.
"Foi um tragédia de uma hora para outra e uma chuva raramente vista. Uma quantidade absurda de chuva e não teve como salvar todas as pessoas e vidas", disse a jornalistas o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, no local da tragédia.
"A situação é quase de guerra em Petrópolis. Carro pendurado em postes, carros revirados, muita lama e água ainda", acrescentou.
Segundo as autoridades, o número de mortos ainda pode subir. A prefeitura decretou luto oficial de três dias, uma vez que a cidade está praticamente parada devido aos estragos.
Desabrigados e desalojados estão sendo levados para escolas, pontos de apoio e de acolhimento. Mais de 300 pessoas tiveram que deixar suas casas.
“Vivemos um momento de grande tristeza com o número de vítimas fatais que ainda pode aumentar e a quantidade de ocorrências que impactam drasticamente a nossa cidade. Unimos todos os nossos esforços e contamos com o suporte do Estado para o atendimento ágil às vítimas e recuperação da cidade”, disse o prefeito Rubens Bomtempo.
Choveu em Petrópolis apenas na tarde de terça-feira o volume esperado para todo o mês de fevereiro.
Diversas crateras se abriram em ruas e avenidas da cidade e o asfalto chegou a ser arrancado em alguns pontos mais afetados pelo temporal. Lojas e estabelecimento comerciais invadidos pela água da chuva e pela lama contabilizam os enormes prejuízos.
"A água subiu muito rápido e veio com muita força. Meu prejuízo foi de 100%. Nossa vida já estava bem difícil com pandemia e menos movimento e ainda vem essa tragédia. Vai ser difícil", disse o comerciante Henrique Pereira.
O presidente Jair Bolsonaro, que está em viagem oficial à Rússia, orientou ministros a auxiliarem a cidade e as vítimas do temporal e anunciou que fará um sobrevoo da região assim que retornar ao Brasil. [L1N2UR22M]
"Pretendemos apresentar ao prefeito já o que podemos oferecer", disse Bolsonaro a jornalistas em Moscou. "Entre elas, a liberação do fundo de garantia e obras emergenciais para restabelecer o trânsito na região."
A Defesa Civil informou que ainda há previsão de chuva de fraca a moderada na cidade. Na manhã desta quarta o nível da água já havia baixado em boa parte dos municípios, mas as ruas estavam tomadas por lama e havia lixo espalhado nas vias públicas.
Desde o final do ano passado várias regiões do país sofreram com temporais que causaram mortes e prejuízos, casos, por exemplo, de cidades de Minas Gerais, Bahia e São Paulo, que tiveram tragédias recentes causadas pelos temporais.
Em 2011, um forte temporal na Região Serrana do Rio afetou Petrópolis, Teresópolis e outros municípios vizinhos deixando quase 1 mil mortes. À época, o desastre foi considerado a maior tragédia causada por um fenômeno da natureza no país.