Por Nayara Figueiredo e Laís Morais
SÃO PAULO/SÃO SEBASTIÃO (Reuters) - As fortes chuvas ocorridas no litoral norte de São Paulo no último final de semana já deixaram 46 mortos, informou o governo do Estado em nota nesta terça-feira, enquanto o trabalho de resgate de vítimas e pessoas ilhadas segue paralelo aos esforços de desobstrução de vias e rodovias.
Do total de vítimas fatais, 45 foram encontradas na cidade de São Sebastião e um em Ubatuba.
Sete corpos foram identificados e liberados para o sepultamento, sendo dois homens adultos, duas mulheres adultas e três crianças. Outras 1.730 pessoas estão desalojadas e 766 foram desabrigadas em todo Estado.
"É muito difícil mesmo, é lamentavel. A gente à procura da nossa mãe embaixo da terra sem saber se está lá ou se não está", disse Bianca de Jesus à Reuters durante as buscas em São Sebastião.
Ela afirmou que está procurando pela mãe desaparecida na praia da Barra do Sahy desde domingo.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, disse que será construído um hospital de campanha da Marinha a partir de quinta-feira para o atendimento às vítimas do desastre.
A chegada de um Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico deve possibilitar a criação de uma estrutura para reforçar o atendimento médico e desafogar os hospitais da região que estão priorizando casos mais graves, afirmou ele em coletiva de imprensa nesta terça-feira.
"São até 300 leitos de enfermaria, contando ainda com profissionais de saúde de ortopedia, clínica médica, traumatologia e psiquiatra", disse o governador.
A Secretaria de Estado da Saúde informou que 20 adultos e seis crianças vítimas das chuvas foram atendidas, até o momento, no Hospital Regional do Litoral Norte (HRLN). Deste total, sete estavam em estado grave e 13 estáveis.
Outros dois pacientes receberam alta hospitalar e duas mulheres, uma grávida e uma puérpera, foram transferidas para o Hospital Stella Maris. Na tarde desta terça-feira (21), uma criança de oito anos foi transferida ao Hospital Regional de São José dos Campos. Outra criança, também de 8 anos, seria transferida para a mesma unidade.
Segundo a secretaria, as unidades estaduais de saúde da região estão em alerta para receber os possíveis feridos do desastre. Outros hospitais da Baixada Santista, Alto Tietê e da Capital também estão aptas a receber os feridos.
ESTRADAS
Em relação ao impacto no tráfego, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) liberou parcialmente pontos que antes estavam totalmente obstruídos na rodovia Rio-Santos (SP-055), no trecho entre São Sebastião e Ubatuba.
Ainda há interdição total na rodovia Dr. Manoel Hyppólito Rego por queda de uma barreira na altura do km 174.
A rodovia Mogi-Bertioga também segue totalmente interditada, em razão do rompimento de tubulação, na altura do km 82, em Biritiba Mirim. Há interdição parcial nos km 90 e 91, devido à queda de barreira; e no Km 87, devido à erosão, além da rodovia Oswaldo Cruz.
O Fundo Social de São Paulo e a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil começaram a distribuir nesta terça-feira cerca de 7,5 toneladas de itens de ajuda humanitária doados às vítimas dos temporais, de acordo com o comunicado do governo.
Além de donativos como alimentos não perecíveis, água mineral e roupas limpas e em bom estado para uso, os interessados também podem fazer depósitos, transferência financeira ou PIX para auxiliar as famílias desalojadas ou desabrigadas, por meio de duas contas do fundo social.
A tragédia no litoral norte de São Paulo é a mais recente a atingir cidades brasileiras, onde construções precárias, muitas vezes feitas em encostas e áreas de risco, são palcos de desastres durante a temporada de chuvas no país.
Em fevereiro do ano passado, mais de 200 pessoas morreram após enchentes e deslizamentos de terra atingirem Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Bahia e Santa Catarina também sofreram recentemente com desastres naturais.