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Gaza sofre com mortos e feridos devido à intensificação dos ataques israelenses

Publicado 01.11.2023, 14:14
Atualizado 01.11.2023, 14:15
© Reuters. Palestinos tentam localizar vítimas um dia após ataques israelenses a campo de refugiados de Jabalia
01/11/2023
REUTERS/Mohammed Al-Masri

Por Nidal al-Mughrabi

GAZA (Reuters) - Os socorristas palestinos que estavam no local de um ataque aéreo israelense em Gaza durante a noite afastaram os escombros nesta quarta-feira para revelar gradualmente uma cabeça e um braço imóveis, a última vítima de um bombardeio que já matou milhares de pessoas.

Enquanto os socorristas retiravam mais escombros, o resto do corpo emergiu lentamente, um membro da família Nasr, cuja casa na cidade de Khan Younis, no sul do país, foi atingida por um bombardeio na madrugada desta quarta, matando nove pessoas, de acordo com os moradores.

"Nossos vizinhos morreram. Para onde quer que você olhe, há um mártir", disse Eyad al-Ateyle, um vizinho que afirmou que o ataque o acordou às 2h (horário local), antes que ele conseguisse sair de sua casa com a esposa e o filho em meio a uma espessa névoa de poeira.

O crescente ataque de Israel já matou cerca de 8.800 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde no enclave controlado pelo Hamas, principalmente em ataques aéreos e de artilharia, como o que atingiu a casa da família Nasr.

Os militares têm dito que, embora tenham instruído os civis a se deslocarem para o sul, atacarão qualquer alvo do Hamas em toda a faixa, tomando as devidas precauções para reduzir os danos.

A ofensiva, em resposta ao ataque de 7 de outubro por militantes do Hamas que, segundo Israel, matou 1.400 pessoas e sequestrou 240, agora inclui uma invasão terrestre que deve intensificar a violência.

Mais da metade da população de Gaza já está desalojada, hospitais abarrotados, sem eletricidade e medicamentos, estão recusando os feridos e os coveiros estão ficando sem lugar nos cemitérios.

Na terça-feira, um ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, matou dezenas de pessoas, de acordo com autoridades hospitalares, deixando uma paisagem lunar de crateras. Israel disse que o ataque tinha como alvo um comandante sênior do Hamas.

No necrotério de Khan Younis, para onde foram levados os corpos da família Nasr, mortos em outra parte da cidade, um grupo de homens e meninos observava enquanto mais mortos chegavam de ambulância.

Os corpos foram colocados em macas e levados para o necrotério. Um menino ficou em silêncio olhando através das grades. Familiares furiosos de alguns dos mortos gritavam: "Com nossas almas e nosso sangue, nós os redimimos, mártires".

Lá dentro, os trabalhadores limpavam a poeira e o sangue dos mortos e os envolviam em mortalhas brancas para serem levados para o enterro. Dos 15 corpos no necrotério quando a Reuters esteve lá na manhã desta quarta-feira, quatro eram crianças.

"Todos os dias há mortos e todos os dias há crianças ou mulheres entre eles", disse um médico do local, que pediu para não ser identificado por medo de represálias.

Israel bloqueou o fornecimento de eletricidade, água e combustível para Gaza, e apenas uma pequena quantidade de alimentos e medicamentos está entrando pela passagem de Rafah com o Egito.

Na falta de combustível, muitas pessoas estão recorrendo a carroças de burros para se locomover. Em Khan Younis, Farida Abu Azzam estava levando seu marido ao hospital para o tratamento de câncer. "Esse é o nosso único meio de transporte agora", disse ela.

Ao longo da via, carros e táxis acumulavam poeira.

HOSPITAIS CHEIOS

Muitos dos feridos não conseguem nem mesmo encontrar um lugar nos hospitais. Os que têm sorte e encontram um leito precisam sair antes de serem curados.

O diretor do Hospital da Amizade Turca no norte de Gaza, que trata principalmente de pacientes com câncer, disse nesta quarta-feira que o hospital havia deixado de funcionar por falta de combustível. Israel disse que há combustível suficiente em Gaza para abastecer os hospitais, mas que o Hamas o está usando para fins militares.

Em um abrigo para pessoas deslocadas em uma escola da ONU em Khan Younis, Salwa Najar estava ao lado da cama de seu filho Majed, limpando seu rosto.

Ele só consegue mexer a cabeça, depois de ter sido ferido por um bombardeio israelense quando foi com seu irmão cuidar do pequeno rebanho de ovelhas da família, disse ela. O irmão de Majed foi morto.

Um primo os levou ao Hospital Hilal em Khan Younis, a maior cidade da parte sul do pequeno enclave. Mas lhes disseram que não havia vagas.

"Para onde as pessoas devem ir?" Perguntou Najar, com o rosto inchado de tanto chorar.

A sala de aula da escola onde Majed estava deitado foi transformada em uma enfermaria improvisada para os feridos, com outras pessoas feridas deitadas em camas ao redor das paredes - mas sem a devida ajuda médica.

© Reuters. Palestinos tentam localizar vítimas um dia após ataques israelenses a campo de refugiados de Jabalia
01/11/2023
REUTERS/Mohammed Al-Masri

No Hospital Nasser, a diretora Nahed Abu Taeema disse que eles estavam até mesmo recusando pessoas que precisavam muito de intervenção médica. "Os hospitais de Gaza estão lotados de pessoas feridas que estão enchendo os leitos", disse ela.

"Aqueles que precisam de cirurgia avançada não podem ser ajudados aqui."

(Reportagem de Nidal al-Mughrabi e Bassam Masoud)

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