(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que o governo fará as mudanças necessárias para que quem ganha até dois salários mínimos por mês fique isento do imposto de renda da pessoa física (IRPF), após essa faixa de renda deixar de ser isenta com o reajuste do salário mínimo.
Em entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador, Lula reiterou sua promessa de campanha de isentar de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais mensais até o final de seu mandato, em dezembro de 2026.
"Com o reajuste do salário mínimo, as pessoas que ganham dois mínimos parecem que vão voltar a pagar imposto de renda, mas não vão, porque nós vamos fazer as mudanças agora para que quem ganha até dois mínimos não pague imposto de renda", disse Lula.
"E você sabe que eu tenho um compromisso de chegar no final do meu mandato isentando todas as pessoas que ganham até 5 mil reais. É um compromisso de campanha, mas sobretudo é um compromisso de muita sinceridade. Nesse país quem vive de dividendo não paga imposto de renda, e quem vive de salário paga imposto de renda. O Haddad sabe que nós temos que fazer esses ajustes."
Na noite de segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo fará uma revisão da tabela do Imposto de Renda para corrigir a faixa de isenção, indicando que uma reforma mais completa da tributação sobre a renda pode ficar para um segundo momento por ser necessário priorizar neste ano a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo.
Já nesta terça, em conversa com jornalistas em Brasília, Haddad afirmou que até o final deste mês o governo concluirá os cálculos para isentar aqueles que ganham até dois salários mínimos do imposto de renda. "Até o final do mês a gente vai ter essa conta. Neste mês ainda a gente vai ter a conta", afirmou.
Na entrevista à Rádio Metrópole, Lula também comentou o veto que impôs a 5,6 bilhões de reais de emendas parlamentares ao sancionar o Orçamento de 2024, ao mesmo tempo que exaltou a relação que teve com o Legislativo no primeiro ano de seu terceiro mandato na Presidência.
"Ontem eu tive que vetar o Orçamento, vetei 5,6 bilhões de reais e tenho o maior prazer de juntar lideranças, conversar com lideranças e explicar porque foi vetado", assegurou.
"Eu sinceramente acho que o Congresso até agora fez o que tinha que fazer, votou tudo que a gente queria que fosse votado, Aprovamos pela primeira vez num regime democrático uma reforma tributária... Não tenho do que reclamar da relação do Poder Executivo com o Congresso Nacional."
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Lula também foi questionado sobre o papel que pretende desempenhar na campanha para as eleições municipais deste ano e disse esperar que o PT e partidos aliados do governo consigam eleger um grande número de prefeitos, mas também de vereadores.
Ao considerar o pleito municipal "importante", Lula também disse que a eleição para a prefeitura de São Paulo será "muito especial" pois, segundo ele, será um embate entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Na capital de São Paulo é uma coisa muito especial, porque na capital de São Paulo é uma confrontação direta entre o ex-presidente e o atual presidente, é entre eu e a figura", disse Lula.
O PT apoia o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Lula participou direta e pessoalmente da articulação para que a ex-prefeita, ex-senadora e ex-ministra Marta Suplicy voltasse ao PT para ser candidata a vice na chapa de Boulos.
O atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), disputará a reeleição e conta com o apoio do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro, e deverá contar também com o endosso do ex-presidente. Marta era secretária de Relações Internacionais de Nunes até aceitar o convite de Lula para regressar ao PT e ser vice na chapa de Boulos.
A deputada federal Tábata Amaral (PSB-SP) também lançou pré-candidatura ao comando da capital paulista e conta com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, seu colega de partido.
(Reportagem de Eduardo SimõesEdição de Camila Moreira)