Por Bassam Masoud e Henriette Chacar e Nidal al-Mughrabi
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - Um grupo global de direitos humanos acusou Israel nesta segunda-feira de cometer um crime de guerra ao deixar com fome as pessoas na Faixa de Gaza, que continua a enfrentar ataques implacáveis na guerra contra os militantes do Hamas.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu não diminuir o bombardeio e o cerco ao enclave costeiro densamente povoado, onde os prédios estão em ruínas, a fome é generalizada e as autoridades de saúde dizem que cerca de 19.000 palestinos foram mortos.
Apesar da crescente pressão global para proteger os civis, que não têm para onde ir, Israel está empenhado em eliminar o grupo Hamas, que está por trás do ataque de 7 de outubro que matou 1.200 pessoas e fez 240 reféns, de acordo com as autoridades israelenses.
A Human Right Watch (HRW), sediada nos Estados Unidos, disse que as forças israelenses estavam deliberadamente bloqueando o fornecimento de água, alimentos e combustível, arrasando áreas agrícolas e privando os 2,3 milhões de habitantes de Gaza dos itens necessários para a sobrevivência.
"O governo israelense está usando a fome de civis como um método de guerra na Faixa de Gaza ocupada", disse a HRW em um relatório. "Os líderes mundiais deveriam estar se manifestando contra esse crime de guerra abominável."
Não houve resposta imediata de Israel ao relatório da HRW. Israel nega ter como alvo os civis, dizendo que o Hamas se instala em áreas residenciais e acrescenta que está tentando facilitar a ajuda a inocentes, ao mesmo tempo em que impede o abastecimento de milhares de combatentes do Hamas que operam em túneis.
O relatório da HRW foi publicado depois que o papa Francisco acusou Israel de "terrorismo", lamentando a morte de duas mulheres dentro de um complexo de igrejas por militares israelenses.
Israel não respondeu aos comentários do papa.
Nos últimos bombardeios, 90 palestinos morreram no campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza, no domingo, de acordo com o Ministério da Saúde do território administrado pelo Hamas. A rádio Hamas Aqsa relatou um ataque ao principal hospital de Gaza, o Al Shifa.
Em Deir al-Balah, no centro de Gaza, os médicos disseram que 12 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos, enquanto em Rafah, no sul, um ataque aéreo israelense a uma casa deixou pelo menos quatro pessoas mortas.
Um projétil de tanque israelense atingiu o prédio da maternidade do Hospital Nasser em Khan Younis, matando uma menina de 13 anos chamada Dina Abu Mehsen, de acordo com o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza Ashraf Al-Qidra.
Al-Qidra disse que Abu Mehsen já havia perdido pai, mãe, dois de seus irmãos e uma de suas pernas em um bombardeio anterior.
Do lado israelense, os militares divulgaram os nomes de mais quatro soldados mortos em combate em Gaza, totalizando 126 mortos na faixa desde o início da invasão terrestre no final de outubro.
Moradores relataram tiroteios entre soldados israelenses e combatentes do Hamas em vários pontos da estreita Gaza, com os militantes dizendo que haviam lançado uma série de ataques.
A Reuters não conseguiu verificar o estado das operações ou as alegações de ambos os lados.