Por Fernando Cardoso
(Reuters) -Um homem de 25 anos usando uma machadinha matou quatro crianças e feriu ao menos outras cinco nesta quarta-feira em um ataque a uma creche em Blumenau, informaram autoridades de Santa Catarina, no segundo ataque com mortos a uma instituição de ensino do país em pouco mais de uma semana.
De acordo com a PM, o autor do ataque invadiu a creche ao pular um muro e depois se entregou na guarda do 10º Batalhão Major Rail Stanhke, onde foi preso e encaminhado à Polícia Civil.
O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina afirmou que as vítimas do atentado foram três meninos e uma menina.
O Hospital Santo Antônio disse que recebeu quatro crianças feridas, sendo duas meninas de 5 anos, um menino de 5 anos e um de 3 anos. O gerente geral do hospital, Rafael Bertuol, relatou à CNN Brasil que as crianças já passaram pelos procedimentos cirúrgicos necessários e estão em situação estável.
Uma quinta criança foi levada pelos pais ao Hospital Santa Isabel com um ferimento no ombro, de acordo com a família.
A Polícia Civil relatou que o homem responsável pelo ataque já possuía quatro passagens pela polícia, incluindo um incidente em que esfaqueou seu padrasto em março de 2021. No ano passado, foram duas passagens.
O autor do atentado foi preso em flagrante pela PM e responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas de homicídio triplamente qualificados, disse a Polícia Civil.
O órgão reiterou que as investigações do ocorrido apontam para um fato isolado, sem coordenação por terceiros e sem relação com outras práticas criminosas.
Momentos depois do ataque, pais desesperados correram para a creche após saberem do atentado, temendo que seus filhos pudessem estar no meio das vítimas. "Quando recebi a notícia fiquei sem chão", disse um dos pais do lado de fora da creche. "Minha filha está bem fisicamente, mas emocionalmente ela está destruída. Como é que eu vou tirar isso da cabeça dela?".
Em entrevista coletiva, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, anunciou a suspensão das aulas nas escolas da rede pública pela semana toda, atendendo a pedidos de pais, e recomendou uma medida igual na rede privada.
Ele também afirmou que a prefeitura pediu à Secretária de Educação de Santa Catarina que as aulas em todo o Estado também sejam suspensas e disse que será criado um gabinete de crise para determinar as próximas ações.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o ataque como "tragédia" e "ato absurdo, de ódio e covardia", em uma publicação de Twitter.
"Para qualquer ser humano que tenha o sentimento cristão, uma tragédia como essa é inaceitável, um comportamento, um ato absurdo de ódio e covardia como esse", escreveu Lula.
"Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas. Meus sentimentos e preces para as famílias das vítimas e comunidade de Blumenau diante da monstruosidade ocorrida na creche Bom Pastor."
Também no Twitter, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), disse ter recebido a notícia do ataque com "enorme tristeza". Ele disse se tratar de uma creche particular e afirmou que as forças de segurança do Estado estão no local.
A tragédia na creche em Blumenau acontece após o ataque em 27 de março de um estudante de 13 anos que matou a facadas uma professora e feriu outras pessoas em uma escola estadual no bairro de Vila Sônia, zona oeste da cidade de São Paulo.
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo, e Rodrigo Viga Gaier, no Rio de JaneiroEdição de Eduardo Simões e Pedro Fonseca)