Por Fatos Bytyci
NORTH MITROVICA (Reuters) - Homens armados em veículos blindados invadiram um vilarejo em Kosovo no domingo, lutando contra a polícia e se entrincheirando em um mosteiro ortodoxo sérvio, em um ressurgimento da violência na agitada região.
A polícia de Kosovo disse que um policial e três dos cerca de 30 agressores foram mortos em tiroteios ao redor do vilarejo de Banjska.
Monges e peregrinos foram trancados no templo do mosteiro, segundo a igreja, enquanto o cerco se estendia por horas.
Os albaneses étnicos formam mais de 90% da população de Kosovo, uma antiga província da Sérvia, mas os sérvios são a maioria no norte e houve confrontos em maio que feriram dezenas de manifestantes e soldados de paz da aliança Otan.
Os sérvios nunca aceitaram a declaração de independência de Kosovo em 2008 e ainda veem Belgrado como sua capital, mais de duas décadas após a revolta dos albaneses de Kosovo contra o domínio sérvio repressivo.
Não ficou claro quem exatamente estava por trás da violência de domingo, mas o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, e o ministro do Interior, Xhelal Svecla, culparam os "criminosos patrocinados pela Sérvia".
"Eles são profissionais, com formação militar e policial", disse Kurti, pedindo sua rendição.
A diocese de Raska-Prizren da Igreja Ortodoxa Sérvia, que inclui Banjska, disse que homens em um veículo blindado invadiram o complexo do monastério, forçando os monges e os fiéis visitantes a se trancarem dentro do templo.
"Homens armados e mascarados circulam pelo pátio e tiros ocasionais são ouvidos", disse em um comunicado.
"A Diocese condena veementemente a violência aberta que está sendo aplicada nas instalações religiosas da Igreja Ortodoxa Sérvia, pedindo a todos os lados que encerrem o conflito o mais rápido possível."
CONDENAÇÃO INTERNACIONAL
A polícia disse que os agressores primeiro posicionaram veículos pesados em uma ponte na vila. Eles atiraram na polícia que se aproximou deles antes de se dirigirem ao monastério próximo.
Três policiais ficaram feridos nos ataques que se seguiram.
As autoridades sérvias não comentaram o incidente, embora o presidente Aleksandar Vucic devesse fazer uma declaração no final da tarde.
A chefe da missão da ONU em Kosovo, Caroline Ziadeh, e o chefe da política externa da UE, Josep Borrell, condenaram a violência.
"Mais vidas inocentes estão em risco nas hostilidades em curso nos arredores do Monastério de Banjska", disse Borrell, acrescentando que as missões da UE e da Otan em Kosovo estavam em contato com as autoridades. "Esses ataques devem cessar imediatamente."
As tropas da Otan, juntamente com membros da força policial da UE e da polícia de Kosovo, podiam ser vistas patrulhando a estrada que leva a Banjska, de acordo com um repórter da Reuters nas proximidades.
Os jornalistas foram impedidos de entrar na aldeia.
A mídia local disse que a polícia de fronteira de Kosovo fechou duas passagens para a Sérvia.
Os sérvios do norte de Kosovo há muito tempo exigem a implementação de um acordo negociado pela União Europeia em 2013 para a criação de uma associação de municípios autônomos em sua área.
As conversações patrocinadas pela UE sobre a normalização das relações entre a Sérvia e o Kosovo foram paralisadas na semana passada, com o bloco culpando Kurti por não ter criado a associação.