Por Pedro Fonseca e Lisandra Paraguassu
(Reuters) - O deputado federal André Janones (Avante-MG) retirou nesta quinta-feira sua candidatura à Presidência e declarou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa ao Palácio do Planalto.
Em uma transmissão ao vivo ao lado de Lula no Facebook (NASDAQ:META), onde Janones acumula mais de 8 milhões de seguidores, o deputado formalizou a aliança com o petista, que reafirmou compromisso de manter o benefício social do governo em 600 reais --uma das bandeiras de Janones.
"O Lula está encampando as nossas propostas pelo auxílio", afirmou Janones, que tem aparecido com 2% das intenções de votos nas pesquisas mais recentes.
"O Lula está aqui do meu lado hoje para comunicar a vocês que ele está encampando junto conosco essa luta, já havia encampado, mas agora encampando junto com a nossa candidatura, que nesse momento a gente retira e unifica a candidatura presidencial do deputado André Janones, a partir deste momento, esta unificada e passa a ser representada pela candidatura do presidente Lula", afirmou.
Lula disse ter "obsessão" por acabar com a fome no país, e prometeu retomar o programa Bolsa Família no valor de 600 reais --mesmo valor concedido atualmente pelo governo do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) no Auxílio Brasil.
"Tudo que a gente puder gastar e investir para acabar com a fome será um benefício para o povo brasileiro", afirmou.
Em seguida, ao anunciar oficialmente a adesão de Janones, o ex-presidente afirmou que "fica fácil fazer um acordo" com alguém que leva propostas contra a fome, como fez Janones, que casam com o que o PT pretende fazer.
"Vamos fazer um programa factível, que a gente possa cumprir com muita responsabilidade", afirmou o ex-presidente.
O PT vem em conversas com o Avante há alguns meses, mas esperou a decisão do próprio Janones de retirar sua candidatura. O deputado federal e o ex-presidente trocaram afagos pelas redes sociais na semana passada e, na sexta, anunciaram a conversa desta semana.
O deputado afirmou, em diversas entrevistas, que sua candidatura não tinha densidade política e que poderia retirá-la em apoio a Lula desde que o partido encampasse algumas de suas propostas.
"A gente não está tirando a nossa candidatura, ela continua agora na candidatura do presidente Lula", afirmou.
O Avante é o oitavo partido a aderir formalmente a uma aliança com o petista. No mesmo encontro com Lula, o Agir --antigo PTC-- que estava em uma aliança com o Avante - também declarou apoio ao PT, o que levou o grupo a nove partidos.
Esta semana, o Pros também anunciou que faria parte da aliança, mas disputas judiciais sobre o comando do partido impediram o fechamento da aliança de fato, já que o presidente Eurípedes Júnior, que conversou com Lula, foi novamente afastado nesta quinta e o grupo que assume defende a candidatura própria.
Lula lidera as pesquisas de intenção de voto à frente de Bolsonaro, e alguns levantamentos têm mostrado possibilidade de vitória do petista ainda no primeiro turno.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Lisandra Paraguassu, em Brasília)