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Líder de Bolsonaro na Câmara defende aumento de ministros do STF para "enquadramento" do Judiciário

Publicado 10.10.2022, 16:52
Atualizado 10.10.2022, 16:56
© Reuters. 17/10/2019
REUTERS/Adriano Machado

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - O líder do governo do presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), disse nesta segunda-feira que uma mudança constitucional para aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) serviria como "enquadramento" do que ele avalia ser um "ativismo político" do Judiciário.

Em entrevista à GloboNews, Barros disse, sem citar nomes, que há quem pretenda alcançar uma "ditadura do Judiciário", e disse que, caso o STF mantenha o que ele entende como ativismo político, haverá reação do Poder Legislativo "de forma muito severa".

"Cheira mais a uma necessidade de enquadramento do ativismo do Judiciário", respondeu Barros quando indagado se a proposta de aumento do número de ministros da corte, e uma declaração recente de Bolsonaro de que a mudança poderia ser deixada de lado caso o Supremo "baixasse a temperatura", não cheirava a chantagem contra a corte.

"O ambiente é o que define a possibilidade da mudança. Então, se o Judiciário permanecer neste nível de ativismo político, com decisões tomadas por gostar ou não de determinado governo, ou por querer ou não ter mais poder, ou por pensar numa ditadura do Judiciário, que acham que pode ser alcançada, isso vai ter reação do Poder Legislativo de forma muito severa", disse Barros à GloboNews.

Aliados de Bolsonaro têm defendido que o Congresso leve adiante uma Proposta de Emenda à Constituição para elevar de 11 para 15 o número de ministros do STF caso o candidato à reeleição vença o segundo turno da eleição presidencial contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Caso se concretize o acréscimo de mais quatro vagas na corte, o presidente eleito em 30 de outubro indicaria os ocupantes das quatro vagas adicionais, além dos substitutos dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentam compulsoriamente no ano que vem.

Com essas eventuais seis indicações, Bolsonaro teria uma maioria de ministros indicados por ele na corte, pois em seu primeiro mandato ele já nomeou os ministros Nunes Marques e André Mendonça.

© Reuters. 17/10/2019
REUTERS/Adriano Machado

Partidos aliados de Bolsonaro e do chamado centrão, bloco que dá sustentação ao presidente no Congresso, elegeram uma grande quantidade de parlamentares na eleição deste ano. Para o Senado, 17 dos 27 eleitos têm alguma ligação com Bolsonaro, em alguns casos muito próxima, como os ex-ministros Damares Alves (Republicanos-DF) e Marcos Pontes (PL-SP), além do atual vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Juristas ouvidos pela Reuters apontaram que essa futura configuração do Senado deve fazer com que Bolsonaro dobre suas apostas contra o Supremo caso seja reeleito.

A proposta de aumentar o número de ministros do Supremo vem sendo criticada como casuística e autoritária, além de ser comparada a um movimento semelhante feito pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nos anos 2000, que deu ao chavismo o controle do Judiciário do país.

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