(Reuters) - O líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (BA), disse nesta sexta-feira que o partido, que tem três ministérios no governo federal, está disposto a conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a relação com o Congresso e defendeu a abertura de espaço para a participação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), na base governista.
Em entrevista à GloboNews, Elmar, que teve uma conversa com Lula nesta semana em meio a críticas sobre a articulação política do governo e à dificuldade enfrentada pelo Planalto para aprovar na Câmara a medida provisória que reformulou a estrutura governamental, disse que não revelaria o teor da conversa com o presidente por ela ter sido privada, ao mesmo tempo em que afirmou que o União Brasil está aberto a dialogar.
"É uma coisa que, no momento certo, se o governo desejar, se o presidente Lula entender e quiser conversar, ele vai chamar no momento apropriado e aí a gente discute essas coisas."
O líder do União Brasil -- sigla que ocupa as pastas do Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional -- rasgou elogios a Lira, chamando-o de "Pelé da Câmara", e defendeu que ganhe espaço em uma eventual ampliação da base de sustentação do governo.
"Toda a formação da sua base é uma decisão exclusiva do presidente da República. Mas quem gosta dele, quem quer o sucesso do seu governo, quem quer ser amigo dele, tem que opinar", disse Elmar, acrescentando que "indiscutivelmente Arthur Lira é a maior liderança da Casa".
Após a aprovação na Câmara da MP que reformulou a estrutura do governo, Lira disse que o governo precisa se aproximar dos partidos de centro para reforçar sua base.
O presidente da Câmara lembrou que Lula deu ministérios a alguns partidos em busca de apoio no Congresso e que isso pode ser direcionado a outras legendas. Negou, no entanto, que tenha feito pedidos específicos -- segundo uma fonte do Planalto, ele estaria buscando espaço nos ministérios para seu próprio partido, o PP, e o Republicanos.
Para Elmar, a maneira escolhida para acomodar filiados ao União Brasil no governo não foi a ideal. O líder explicou que a bancada da Câmara ficou sem interlocutor no processo, após ele mesmo ter seu nome cogitado para um posto no primeiro escalão de Lula.
"O processo teria que ser via bancada, homologado pela bancada, consultados os órgãos de direção do partido para que todo mundo se sentisse contemplado e ouvido. O formato não foi ideal", disse.
"Eu nunca deveria ter permitido meu nome estar posto à mesa..., porque isso me tirou a condição de conduzir a interlocução como deveria ter sido feita com o governo", avaliou o líder.
"Eu fui retirado da interlocução e a Câmara dos Deputados ficou sem ter a pessoa que fizesse esse papel, que consultasse a bancada. Foi tudo feito na undécima hora, daí decorreram uma série de equívocos", avaliou.
(Reportagem de Eduardo Simões)