Por Hanna Rantala
VENEZA (Reuters) - No final de 2022, o célebre músico japonês Ryuichi Sakamoto, que sofria de câncer terminal, passou nove dias em um estúdio de Tóquio apresentando 20 das peças mais adoradas de sua carreira.
A performance minimalista, com apenas Sakamoto e seu piano, foi captada por seu filho, Neo Sora, e transformada no filme-concerto "Opus", que está sendo exibido no Festival de Cinema de Veneza cerca de seis meses depois da morte do compositor de 71 anos.
"Sua saúde física estava definitivamente piorando e era impossível para ele sair em turnê e até mesmo fazer um show completo ao vivo para o público. Mas ele ainda queria deixar algo antes que não pudesse mais tocar", afirmou Sora à Reuters em Veneza depois da estreia mundial do filme.
O compositor vencedor do Oscar e do Grammy é conhecido por suas trilhas sonoras para os filmes "O Último Imperador" e "Furyo, Em Nome da Honra", nos quais também atuou, assim como por seu trabalho com a banda pioneira de música eletrônica Yellow Magic Orchestra (YMO), que ele co-fundou.
Filmado em preto e branco, "Opus" foca na fisicalidade da atuação de Sakamoto. A seleção das músicas e sua ordem no filme foram decididas pelo próprio músico.
O filme meticulosamente executado e sem palavras apresenta uma cena em que Sakamoto se prepara para interpretar um sucesso do início de sua carreira, o acelerado "Tong Poo", e reconhece seus limites físicos. "Isso é difícil. Estou me esforçando", diz ele.
"Ele não consegue mais tocar muito rápido e então teve que recorrer a diferentes tipos de métodos musicais e ideias musicais para comunicar as músicas da maneira que pudesse. E acho que especialmente para os fãs que conhecem essa música muito bem, isso deve ser realmente comovente", disse Sora.