Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exortou seus aliados a trabalharem mais para ainda tentar vencer a eleição no primeiro turno, apesar dos últimos levantamentos terem mostrado que essa possibilidade ficou mais difícil.
Em discurso durante reunião de coordenação da campanha, Lula afirmou que, de todas as campanhas que fez, essa é a que está mais próxima de ser resolvida no primeiro turno.
"De todas as eleições que participei, nunca nós tivemos a chance de resolver no primeiro turno como temos nessas eleições. E a gente não tem que ter vergonha de dizer isso. Se o cara que tem 1% quer ir para o segundo turno, por que nós não podemos querer ganhar no primeiro turno, se falta um tiquinho", disse Lula.
O ex-presidente afirmou que é preciso aumentar a "capacidade de trabalho", virar mais votos.
"Ainda não temos visibilidade de campanha na rua. A gente ainda não deu, e é preciso que a gente dê", defendeu. "A campanha precisa não só ser vitoriosa, mas ter uma marca de participação popular, e é isso que a gente precisa fazer."
Lula ressaltou que havia uma percepção, inclusive entre analistas políticos, de que o aumento do Auxílio Brasil já dentro do período eleitoral, poderia fazer com que Bolsonaro tivesse um grande crescimento nas intenções de voto, mas disse que isso não aconteceu.
"Ele continua no mesmo lugar", destacou. "O povo é muito mais sabido do que eles achavam."
Pesquisa Ipec divulgada na noite de segunda-feira mostra o ex-presidente ainda com 44% das intenções de voto, e Bolsonaro com 31%, oscilando negativamente 1 ponto percentual, dentro da margem de erro. Com esses números, Lula teria 50% dos votos válidos e ainda poderia ganhar no primeiro turno, apesar de a margem ser bastante apertada.
Lula pediu ainda que seus apoiadores não respondam a provocações e não rebaixem o nível da campanha.
Recentemente, criou incômodo dentro da campanha petista algumas ações do deputado André Janones (Avante-MG), que chegou a criar uma notícia falsa sobre o presidente Jair Bolsonaro para atacar a campanha adversária --apesar de ter admitido na mesma postagem que era falsa, Janones defendeu que era preciso "lutar com as mesmas armas".
Apesar de reconhecer que o parlamentar --que desistiu de sua candidatura à Presidência para apoiar Lula e tem milhões de seguidores nas redes sociais-- deu um gás na campanha online do ex-presidente, há uma preocupação no PT de não ser comparado ao mar de notícias falsas distribuídos pelos apoiadores de Bolsonaro.