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Lula defende união pela democracia e lembra feitos ao lançar pré-candidatura para voltar à Presidência

Publicado 07.05.2022, 13:35
Atualizado 07.05.2022, 16:30
© Reuters. Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança pré-campanha em São Paulo
07/05/2022
REUTERS/Carla Carniel

Por Lisandra Paraguassu

SÃO PAULO (Reuters) - Em um auditório lotado por milhares de apoiadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou neste sábado sua pré-candidatura à Presidência com um discurso de união em torno da democracia e lembrando o que foi feito em seus governos como um testamento do que poderá voltar a fazer.

“Queremos construir um movimento cada vez mais amplo de todos os partidos, organizações e pessoas de boa vontade que desejam a volta da paz e da concórdia ao nosso país”, afirmou.

Em tom sóbrio, o ex-presidente centrou seu discurso no retorno da soberania do país --externa e interna--, na necessidade de tratar dos problemas enfrentados pela população, a inflação, e a falta de empregos e de investimentos.

“A vida está cara”, disse Lula. “O Brasil voltou a um passado sombrio que havíamos superado.”

O discurso, quase inteiramente lido, foi cuidadosamente preparado por uma equipe que reúne pelo menos cinco redatores, mas com toques dados pelo próprio ex-presidente.

De acordo com uma fonte, Lula havia dito que esse seria seu discurso mais importante desde o que fez ao sair da cadeia. Ao trocar a emoção de seus discursos improvisados pela sobriedade da leitura, Lula optou por não correr o risco de errar, e assim passar seu recado claramente.

“Sim, queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e todos os credos religiosos”, afirmou. “Para enfrentar e vencer a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação, a exclusão que pesam sobre o nosso país.”

O evento colocou no palco representantes dos sete partidos da aliança, movimentos sociais, centrais sindicais, artistas e intelectuais, mas apenas Lula e seu companheiro de chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), discursaram -- Alckmin em um vídeo gravado, após ter sido diagnosticado com Covid-19.

Foi o ápice de um movimento de meses em que Lula negociou incessantemente para tentar atrair o maior número possível de aliados. Se não conseguiu, nesse primeiro turno, atrair alianças oficiais para além da centro-esquerda, conseguiu montar o maior grupo de partidos de qualquer uma das eleições que disputou.

Em mais de 40 minutos de fala, Lula fez comparações entre seu governo e o atual, mas não citou em nenhum momento o nome do presidente Jair Bolsonaro.

A ordem dentro do PT é evitar as polêmicas criadas pelo atual presidente, tratadas como cortina de fumaça para esconder os verdadeiros problemas do país.

“O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências pasta construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam”, disse Lula, em uma das referências ao atual governo.

A maior crítica ao governo Bolsonaro veio de um vídeo exibido que contrapõe dois lados: “Existem aquele que abandona e aquele que acolhe, o que cruza os braços e o que estende a mão... o que é de poucos e o que é de todos. Que Brasil você quer? O do ódio ou o do amor?”

A plateia lotada --cerca de 4 mil pessoas, segundo os organizadores-- reuniu sindicalistas, militantes, políticos vindos de todo país, em caravanas.

“Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e carinho. Que Deus abençoe o nosso país”, afirmou Lula aos apoiadores.

 

LULA COM CHUCHU

Apesar da preocupação inicial de como Alckmin seria recebido em seu primeiro evento com a militância de esquerda reunida, o ex-governador de São Paulo foi um dos pontos altos do evento e foi muito aplaudido, especialmente quando afirmou que “embora muitos duvidem, Lula vai bem com chuchu”.

© Reuters. Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lança pré-campanha em São Paulo
07/05/2022
REUTERS/Carla Carniel

“Eu quero começar por dizer que nada, nenhuma divergência do passado, nenhuma diferença no presente, nem as disputas de ontem, nem eventuais discordâncias de hoje ou de amanhã, nada, absolutamente nada, servirá de razão, desculpa ou pretexto para que eu deixe de apoiar e defender, com toda a minha convicção, a volta de Lula à Presidência do Brasil”, afirmou.

O tom emocional ficou por conta do que deve ser o jingle da campanha: uma versão atualizada da canção "LulaLá", que marcou a primeira campanha presidencial de Lula, em 1989, e é sempre tocada nas campanhas do ex-presidente.

Na plateia e no palco, o choro foi aberto, e emocionou o próprio ex-presidente. Um vídeo gravado por vários artistas foi apresentado ao ex-presidente por sua noiva, Rosângela da Silva, como “presente de casamento”. Lula vai casar no próximo dia 18.

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