SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula Silva (PT) afirmou em entrevista à imprensa estrangeira nesta segunda-feira que defende para a Venezuela o que defende para o Brasil: eleições livres, onde os resultados sejam acatados e com alternância de poder.
"Nós precisamos tratar a Venezuela com respeito, sempre desejando que a Venezuela seja o mais democrática possível. Eu defendo a alternância de poder não apenas para mim, mas para a Venezuela também", disse Lula, que repetiu ser contrário à reeleição indefinida.
A fórmula usada por Lula não é uma crítica ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, aliado histórico do PT, mas sinaliza ressalva à administração dele, com quem um eventual novo governo petista deve normalizar relações.
Sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil seguiu os EUA e passou a reconhecer o ex-presidente da Assembleia venezuelana e líder da oposição Juan Guaidó como mandatário legítimo. "Eu não concordei quando a União Europeia aceitou o Guaidó", disse Lula, que lidera as pesquisas de opinião para as eleições de outubro.
"O Brasil vai tratar a Venezuela com respeito. Espero que a União Europeia trate a Venezuela com respeito e que os EUA restabeleçam a relação com a Venezuela. Porque só tem um jeito de você restabelecer a convivência democrática: é você não criminalizar as pessoas", afirmou.
Lula disse ainda ter ficado feliz com o que chamou de aproximação entre Washington, na gestão Joe Biden, e Caracas. "Espero que não seja só pelo petróleo. Espero que seja por causa da civilização", disse.
Diante do choque de demanda de petróleo pela guerra da Ucrânia, os EUA afrouxaram algumas sanções contra a produção petrolífera da Venezuela, liderada pela estatal PDVSA.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)