Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira que o Brasil precisa cuidar da floresta amazônica e dos povos que vivem na região, indígenas ou não.
"Temos que cuidar da floresta e do povo amazônico, para dar emprego, salário, qualidade de vida. Precisamos cuidar dos indígenas, porque é até dever moral cuidar daqueles que descobriram o Brasil bem antes dos portugueses e que têm direito de viver dignamente da forma que quiserem viver para manter a cultura indígena viva", disse Lula em entrevista à Rádio Difusora, do Amazonas.
Pré-candidato a presidente, Lula afirmou que vai ter em breve uma reunião com governadores do PT e partidos coligados para discutir a proteção do bioma e defendeu que é preciso ter "mais gente ocupando as nossas fronteiras".
O ex-presidente disse que não é necessário fazer mineração na região, ao contrário do que defende o presidente Jair Bolsonaro (PL), e criticou ações do atual governo na gestão ambiental.
"O Bolsonaro desde que assumiu estimula o desgoverno na questão ambiental, e o presidente da Funai é a cara do presidente da República. O fato do Bruno Pereira ter sido demitido pelo seu trabalho de proteção dos indígenas é a prova disso. Sua política não é cuidar, é desgovernar", afirmou Lula, em referência ao indigenista que foi assassinado, juntamente com o jornalista britânico Dom Phillips, na região do Vale do Javari, no Estado do Amazonas.
Lula disse ainda que, se eleito, pretende se reunir com os presidentes dos países da região amazônica a fim de discutir uma ação de preservação conjunta do bioma, citando a eleição do senador de esquerda Gustavo Petro na Colômbia no último domingo.
"Agora, com a eleição do novo presidente da Colômbia, se eu for eleito vou me reunir com os presidentes dos outros países da região amazônica para promovermos a preservação ambiental e combatermos os crimes ambientais e o narcotráfico", disse o petista.
A iniciativa de Lula, pelo menos do ponto ambiental, não é uma novidade. Ano passado os governos de seis países da região amazônica ampliaram seu compromisso com o Pacto de Leticia, assinado em setembro de 2019, para coordenar a preservação dos recursos naturais da região.
No encontro do ano passado, em outubro, o vice-presidente Hamilton Mourão representou o governo brasileiro.