(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a prometer neste sábado uma maior participação feminina em seu governo, se for eleito, além de garantir a diversidade no Executivo federal para refletir a sociedade brasileira.
"Vamos ter mais mulheres no governo, mais negros no governo, vamos ter indígenas... a composição do governo vai ter a cara do Brasil", disse Lula em entrevista coletiva em Belo Horizonte.
Em busca de nova vitória no único dos três maiores colégios eleitorais do país onde venceu no primeiro turno, Lula tem neste sábado seu segundo dia seguido de campanha em Minas Gerais.
O petista também repudiou a crescente violência política no país e especificamente na campanha eleitoral.
"A gente não pode fazer uma guerra santa nesse país. Esse país não quer uma guerra santa. O país não quer violência, o país clama por paz", disse Lula ao ser questionado sobre o tema.
"Repudio qualquer tipo de violência, repudio qualquer tipo de agressão", acrescentou.
CÁRMEN LÚCIA
Pouco antes, a senadora Simone Tebet (MDB) havia criticado duramente vídeo do ex-deputado Roberto Jefferson no qual ele ataca a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Cármen Lúcia e ainda episódio quando a ex-ministra Marina Silva, também presente na coletiva, foi xingada num restaurante na madrugada deste sábado.
A senadora, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno e resolveu apoiar Lula no segundo turno, disse que as mulheres vão decidir a eleição a favor do petista contra o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), "que estimula a violência contra as mulheres porque é um covarde".
O ataque contra a ministra Cármen Lúcia foi repudiado em nota pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que afirmou que a corte "tomará todas as providencias institucionais necessárias" para combater a intolerância, a violência, a discriminação e a misoginia.
"A utilização de agressões machistas e misóginas demonstra a insignificante estatura moral e intelectual daqueles que, covardemente, se escondem no falso manto de uma inexistente e criminosa “liberdade de agressão”, que jamais se confundirá com o direito constitucional de liberdade de expressão", acrescentou Moraes.
O Supremo fez coro e em nota assinada pela presidente, ministra Rosa Weber, manifestou "veemente repúdio à agressão sórdida e vil, expressão da mais repulsiva misoginia", que atingiu Cármen Lúcia "em função de sua atuação jurisdicional, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral".
"Condutas covardes dessa natureza são inadmissíveis em uma democracia, que tem como um de seus pilares a independência da magistratura. Não há como compactuar com discurso de ódio, abjeto e impregnado de discriminação, a atingir todas as mulheres e ultrapassar os limites civilizatórios", afirmou a presidente do STF.
CIRO
Em um rápido pronunciamento antes da entrevista, Lula voltou a criticar o estímulo que Bolsonaro dá à compra de armas pela população.
"Armas não educam, armas matam", disse Lula. "Ninguém compra armas para fazer o bem", acrescentou.
Na entrevista coletiva, o ex-presidente disse também que não vai insistir num apoio explícito de Ciro Gomes, que ficou em quarto lugar no primeiro turno. Após seu partido, o PDT, decidir apoiar Lula na segunda rodada de votação, Ciro se limitou a gravar um vídeo afirmando que acatava a decisão da legenda.
"A gente não pode ficar tentando coagir ninguém para nos apoiar", disse Lula. Quero que o Ciro Gomes tenha liberdade de decidir o que ele quiser, como quiser e na hora que quiser."
(Por Alexandre Caverni)