BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá visitar o Vaticano em junho ou julho para se reunir com o papa Francisco e agradeceu o pontífice pela sua atuação na busca pela paz na Ucrânia durante telefonema nesta quarta-feira, informou o Palácio do Planalto em nota.
O Planalto disse que Lula aproveitou a conversa também para agradecer ao papa pela sua atuação no combate à pobreza, assim como as menções de solidariedade do papa ao Brasil nos últimos anos.
Ainda segundo a nota, Lula convidou o papa a visitar o Brasil e o pontífice disse que considerará o convite.
O telefonema também foi alvo de uma publicação do presidente em sua conta no Twitter.
"Conversei agora há pouco por telefone com o papa Francisco. Cumprimentei o papa pelos esforços na defesa na paz na Ucrânia e no combate à pobreza. Agradeci os gestos na defesa da democracia em nosso país nos últimos anos. Devemos ter uma audiência no Vaticano nos próximos meses e convidei o Santo Padre para visitar o Brasil", tuitou Lula.
No comunicado, o Palácio do Planalto afirmou ainda que Lula relatou a Francisco as conversas que manteve com outros lideres mundiais sobre a guerra na Ucrânia e lamentou a escalada do conflito, iniciado com a invasão pela Rússia do país vizinho em fevereiro do ano passado.
"O papa aconselhou Lula que ele, pela autoridade conquistada ao longo de uma vida marcada pela coerência, tem autoridade para liderar", afirma a nota do Planalto.
Lula tem feito da guerra da Ucrânia um dos temas principais de sua agenda internacional, tendo tratado do assunto em encontros com os presidentes dos EUA, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, da China, Xi Jinping, além do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, entre outros.
Também discutiu o assunto em telefonemas com os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy.
O mandatário brasileiro tem defendido a criação de um bloco de países que não estejam envolvidos no conflito para tentar mediar negociações de paz entre Moscou e Kiev. O grupo, segundo Lula, incluiria além do Brasil, China, Índia e Indonésia.
Lula, no entanto, entrou em uma controvérsia após receber em Brasília o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e fazer declarações em que também responsablizava a Ucrânia pela guerra e afirmava que o fornecimento de armas pelo Ocidente à Kiev prolongava o conflito.
Em reação á visita de Lavrov e a essas declarações, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que o Brasil "papagueia" a posição russa sobre o conflito.
Desde então, Lula tem reiterado a posição brasileira de condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia em suas declarações sobre o assunto e enviou seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, para se reunir em Kiev com Zelenskiy, depois que o diplomata se reunira anteriormente em Moscou com Putin.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)