Por Catarina Demony
LISBOA (Reuters) - O colecionador de arte português Joe Berardo, que já foi um dos homens mais ricos do país e expôs grandes obras de Miró e Mondrian em seu próprio museu, foi detido pela polícia nesta terça-feira devido a uma investigação de lavagem de dinheiro e fraude.
Berardo está na mira das autoridades há anos, sendo suspeito de cometer crimes relacionados a quase um bilhão de euros de empréstimos recebidos de bancos de Portugal.
A Procuradoria-Geral e a polícia disseram que o milionário de 76 anos e um de seus advogados foram detidos nesta terça-feira como parte de uma investigação de empréstimos concedidos pelo maior banco português, a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD), a um grupo econômico comandado por Berardo.
Ele e seu advogado não estavam disponíveis de imediato para comentar. Em maio de 2019, Berardo disse a um comitê parlamentar que não tinha dívidas em seu nome e que os empréstimos que pediu foram para empresas às quais é associado.
A polícia disse em um comunicado que o grupo recebeu 439 milhões de euros de empréstimos do CGD de 2006 a 2009. O grupo supostamente "violou contratos (com o CGD) e recorreu à renegociação da dívida e a mecanismos de reestruturação para evitar a amortização".
A polícia também disse que, no total, Berardo acumulou quase 1 bilhão de euros de dívidas de três bancos portugueses – CGD, Novo Banco e Millennium BCP, que iniciaram um processo conjunto em 2019 na tentativa de recuperar os valores.
(Reportagem adicional de Sergio Gonçalves)