Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro achava que era o dono da pasta, ao destacar que não compete a ele comentar o fato de Moro ser pré-candidato ao Palácio do Planalto este ano.
Em entrevista gravada à Jovem Pan, que foi ao ar na manhã desta segunda-feira, Bolsonaro disse que tinha poder de veto em quaisquer nomeações e criticou a dificuldade que teve em barrar em 2019 a escolha de Ilona Szabó --feita por Moro-- como suplente do Conselho Nacional de Política Penitenciária.
"Passei três dias para demitir essa mulher, ele passou a achar que era o dono do ministério", reclamou ele.
Bolsonaro também rebateu críticas de Moro de que haveria milicianos no governo. Disse que o ex-auxiliar teve um ano e quatro meses no governo e não descobriu nada, questionando se ele teria prevaricado.
O presidente repetiu que, na véspera da demissão de Moro da pasta, em abril de 2020, o então ministro disse que aceitaria ceder na indicação do diretor-geral da Polícia Federal para futuramente ser indicado para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele classificou isso de petulância.
Moro já negou em diversas ocasiões essa fala de Bolsonaro. Ele se filiou recentemente ao Podemos para concorrer à Presidência em outubro.
A discussão da suposta pressão do presidente para Moro trocar do diretor-geral da PF culminou na saída do governo do ministro -- que ficou conhecido pelo trabalho como juiz da Operação Lava Jato -- e levou a um inquérito em trâmite no STF para investigar se Bolsonaro buscou inteferir na Polícia Federal.
Recentemente essa investigação foi prorrogada por mais 90 dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Na entrevista, Bolsonaro disse ainda que o presidente que será eleito neste ano vai indicar em 2023 dois ministros do Supremo e disse que já tem em mente, caso vença, quem seriam seus escolhidos.
Ele já escolheu os ministros Nunes Marques e André Mendonça durante a atual gestão.