Por Stephane Mahe
PIRIAC-SUR-MER, França (Reuters) - Como ex-jogadora da seleção feminina de futebol do Afeganistão, Fanoos Basir não vê futuro sob o governo do Taliban.
Ela fugiu, e hoje está em um centro de acolhimento de refugiados da França lamentando a vida que deixou para trás.
"Tínhamos muitos sonhos para nosso país, para nosso futuro, para o futuro das mulheres do Afeganistão", disse ela diante do centro de acolhimento, ao qual chegou depois de ser retirada de Cabul em um voo organizado pela França.
"Este era nosso pesadelo, que o Taliban viria e capturaria todo o Afeganistão", disse ela. "Não há futuro para as mulheres... por ora".
Da última vez em que o Taliban governou o Afeganistão, as mulheres eram proibidas de praticar esportes ou de trabalhar fora de casa e tinham que se cobrir da cabeça aos pés em público.
O movimento islâmico foi expulso na invasão liderada pelos Estados Unidos em 2001, mas 20 anos depois retomou o poder, levando à retirada de dezenas de milhares de afegãos vulneráveis. O último voo partiu na segunda-feira.
Em 2010, Basir se uniu a uma seleção iniciante que treinava em um estádio dilapidado e começou a participar de torneios no exterior.
Uma ex-capitã do time aconselhou as jogadoras ainda no Afeganistão a queimarem seus equipamentos e apagarem suas contas de redes sociais para evitarem represálias do Taliban.
Basir disse que, quando conversou com representantes do grupo militante islâmico, eles responderam: "Você é mulher, não queremos falar com você".