Por Patrícia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - A número de homicídios no Brasil recuou 12% em 2018 em comparação com o ano anterior e se aproximou do patamar registrado em 2013, mas os negros continuaram figurando como as principais vítimas da violência no país, representando 75,7% dos casos, mostrou o Atlas da Violência divulgado nesta terça-feira.
De acordo com o estudo, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de homicídios em 2018 (57.956) foi o menor em quatro anos e representa uma taxa de 27,8 por 100 mil habitantes, em comparação com taxa de 31,6 no ano anterior, quando foram registrados 65.602 homicídios.
O documento destaca, porém, que um dos fatores que pode ter contribuído para essa redução foi a "piora substancial na qualidade dos dados de mortalidade", citando uma alta de 25,6% no total de mortes violentas sem causa determinada, o que, segundo o relatório, fez com que muitos homicídios permanecessem "ocultos".
O levantamento também mostrou que os negros representaram 75,7% das vítimas de homicídio no país em 2018.
Para a população negra (soma de pretos e pardos) a taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi 37,8, enquanto entre os não negros (brancos, amarelos e indígenas) a taxa foi de 13,9, o que significa que os negros têm 2,7 vezes mais chances de serem assassinados do que uma pessoa não negra, de acordo com o estudo.
Além disso, o relatório mostrou que no período de dez anos, entre 2008 e 2018, "as taxas de homicídio apresentaram um aumento de 11,5% para os negros, enquanto para os não negros houve uma diminuição de 12,9%".
A pesquisa também mostrou que pessoas entre 15 e 29 anos foram as principais vítimas da violência no Brasil em 2018, correspondendo a mais da metade do total em todo o país (53,3%), o equivalente a uma taxa de 60,4 homicídios a cada 100 mil jovens.