(Reuters) - O ex-presidente Jair Bolsonaro defendeu a apoiadores ao discursar em evento em Orlando, nos Estados Unidos, na noite de terça-feira, a eleição de Rogério Marinho para o comando do Senado na disputa que será realizada nesta quarta, ao mesmo tempo que lamentou os ataques aos Três Poderes por apoiadores radicais seus em 8 de janeiro, embora tenha afirmado haver injustiça nas punições.
"Amanhã é um dia importantíssimo para todos os brasileiros, a eleição da mesa do Senado federal que representa para nós, de acordo com a chapa vencedora, a volta à normalidade, uma certa pacificação", disse ele no discurso, acrescentando que, "se Deus quiser" Marinho, que foi ministro de seu governo, será eleito.
Marinho, que tomará posse nesta quarta como senador pelo PL, partido de Bolsonaro, do Rio Grande do Norte, tem como principal adversário o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também lançou candidatura, mas sua vitória é altamente improvável.
Em sua fala, Bolsonaro também comentou os ataques às sedes dos Três Poderes por vândalos bolsonaristas radicais em 8 de janeiro. Ao mesmo tempo que criticou os agressores, disse que eles estão sendo alvo de injustiça.
"Lamento o que alguns inconsequentes fizeram no dia 8 de janeiro, aquilo não é a nossa direita, não é o nosso povo", disse.
"Tem muita gente sendo injustiçada lá, aquilo não é terrorismo pela nossa legislação. Evidente que tem que ser individualizada a ação dessas pessoas, invasão, depredação", ressalvou.
O ex-presidente, derrotado em sua tentativa de reeleição pelo atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a colocar em dúvida a lisura do resultado eleitoral, novamente sem apresentar qualquer evidência, repetindo o comportamento que adotou ao longo de quatro anos em que lançou mão de alegações falsas para questionar sem provas o sistema eletrônico de votação, pelo qual se elegeu em 2018.
"Nunca fui tão popular (como no) ano passado, muito superior a 2018, e no final das contas a gente fica com uma interrogação na cabeça", afirmou.
Bolsonaro, que deixou o Brasil em direção aos EUA dias antes do fim de seu mandato para não passar a faixa presidencial a Lula e nesta semana entrou com pedido de visto para permanecer em solo norte-americano, disse que pretende "ficar mais tempo" nos Estados Unidos e garantiu aos apoiadores que seguirá ativo na política.
"Não podemos abandonar a política, pessoal. A política faz parte das nossas vidas, eu estou com 67 anos e pretendo continuar ativo na política brasileira", afirmou.
Bolsonaro foi recentemente apontado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, como figura importante no xadrez para a eleição presidencial de 2026, seja como candidato ou como cabo eleitoral de um nome apoiado por ele.
(Por Eduardo Simões)