Por Felipe Machado
Investing.com - Com a inflação dando sinais de desaquecimento e pressão cada vez maior de políticos e empresários pela queda na taxa de juros, cresce entre investidores a expectativa por um rali na bolsa brasileira. Para os especialistas da Guide, no entanto, o cenário ainda não é o de aposta no mercado de ações. Mesmo que a taxa Selic comece a cair, como o previsto, ainda há uma "janela de oportunidade" para aproveitar na renda fixa.
Na avaliação de Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, o mercado de ações começaria a ficar interessante com os juros na casa de um dígito. Esse cenário, no entanto, deve demorar: a casa estima que o Copom fará três cortes de 0,5p.p. na Selic a partir de setembro, levando-a a 12,25% no fim do ano.
O especialista acredita que há uma ansiedade do mercado por fatores que possam servir de "triger" (gatilho) para um rali. "Um exemplo disso foi o pregão da última divulgação do IPCA [dia 11 de abril], em que o Ibovespa subiu 4,29%", exemplifica.
Além da vantagem dos juros altos no retorno, ativos de renda fixa são uma opção mais interessante que o mercado de ações no momento dada a fraqueza da atividade econômica. "Se a condição piorar, os juros vão cair mais rápido, mas mesmo em um cenário negativo, a renda fixa também tende a ir bem", diz o profissional.
Na visão da Guide, o investimento em títulos de dívida é uma das opções, mas a escolha de ativos ser feita com cautela diante do cenário mais árido no mercado de crédito. "Gostamos de crédito privado, desde que sejam ativos 'high grade'. A diferença para os 'high yield' não está tão grande e o risco é menor. Num momento de juros altos e empresas quebrando, é melhor.", explica Siqueira.
Essa lógica também vale para Fundos Imobiliários que, na sua visão, replicam muito o comportamento da renda fixa. "Em março, tivemos recorde de proventos. Com juros altos, as cotas não estão aumentando. Mas, quando os juros baixarem, isso vai melhorar. Tem muito fundo com problema, é verdade, mas também tem coisa boa, fundos 'high grade' que podem continuar pagando proventos altos por mais tempo", indica.