Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez um apelo nesta quarta-feira pela pacificação do processo eleitoral, reafirmou sua confiança na segurança do sistema de votação e garantiu que o candidato que sair vitorioso nas urnas eletrônicas na disputa pelo Palácio do Planalto será empossado no dia 1º de janeiro de 2023.
Pacheco fez menção especial a candidatos e agentes de Estado, pedindo que trabalhem pela "contenção de ânimos". Aproveitou, no pronunciamento no plenário do Senado, para reiterar que as eleições asseguram a legitimidade do poder político, a ser reconhecida assim que proclamado o resultado das urnas.
"Faço um apelo a todos os cidadãos, a todos os segmentos da sociedade e a todas as autoridades públicas no sentido da pacificação de ânimos", disse Pacheco, que também é presidente do Senado.
"Tenho plena confiança no processo eleitoral brasileiro, na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas", afirmou, acrescentando que as urnas são motivo de "orgulho nacional" por promoverem "transparência, confiabilidade e velocidade na apuração do resultado das eleições".
Os reiterados posicionamentos de Pacheco em defesa das eleições e de princípios democráticos ocorrem em meio a temores de rompimentos institucionais, motivados em grande parte pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e de seus apoiadores, que colocam as urnas e a segurança do sistema eleitoral em dúvida, sem apresentarem provas para sustentarem tais questionamentos, e promovem ataques ao Judiciário. Bolsonaro já chegou a declarar que não aceitará o resultado de eleições que não forem "limpas".
Pouco antes de seu pronunciamento em plenário, Pacheco recebeu uma carta elaborada por entidades da sociedade civil, que se autoentitula "Coalizão para a Defesa do Sistema Eleitoral".
"As entidades da sociedade civil abaixo listadas vêm à presença de V. Exª manifestar, inicialmente, sua indignação e repúdio em face dos constantes ataques que o senhor presidente da República e seus seguidores vêm desferindo contra o processo eleitoral brasileiro, a Justiça Eleitoral e seus juízes e servidores", diz o documento entregue a Pacheco assinado por associações, sindicatos, e organizações de classe, entre outras entidades.
"É inadmissível que o primeiro mandatário --ocupante do cargo que se situa na cúpula da estrutura hierárquica do Poder Executivo nacional e que, portanto, tem o dever de dirigir os rumos do país com serenidade e responsabilidade-- valha-se de seu cargo, para atuar de forma exatamente oposta a seus deveres jurídicos e institucionais, atacando de forma periódica, reiterada e sistemática o sistema eleitoral brasileiro, dirigindo-lhe críticas infundadas, dúvidas e afirmações desprovidas de respaldo técnico e racional", diz a carta.