Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que as Forças Armadas estão cientes de sua responsabilidade, tanto na defesa das instituições quanto do processo eleitoral, e garantiu que os eleitores brasileiros irão escolher seus representantes em outubro por meio do sistema eletrônico de votação.
O senador, que se reuniu nesta quarta-feira com o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Luís Carlos Gomes Mattos, disse ainda que as Forças Armadas participarão do processo eleitoral dentro de suas atribuições, reconhecendo, inclusive a confiabilidade do atual sistema eleitoral.
"A minha percepção é que as Forças Armadas são instituições absolutamente responsáveis, cientes do seu papel para o Brasil, de defesa das instituições, de defesa da democracia", disse o presidente do Senado e do Poder Legislativo, acrescentando que a atuação dos militares, prevista na Constituição, inclui a "defesa da pátria, e envolve inclusive a defesa das instituições, inclusive da Justiça Eleitoral".
"Nós temos urnas eletrônicas que sempre foram motivo de orgulho para os brasileiros, que são testadas, que são aferidas, que são confiáveis. E nosso sistema eletrônico de votação fará com que a população escolha os seus representantes na eleição que vai acontecer em outubro naturalmente com a participação das Forças Armadas, que certamente vai incentivar essa votação pelo sistema eletrônico, reconhecendo a importância da lisura do processo eleitoral e a confiabilidade das urnas eletrônicas", argumentou o senador.
As declarações de Pacheco ocorrem em meio a uma crise entre os Poderes da República, na esteira de um tenso ambiente envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, militares e integrantes de cortes superiores como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O clima acirrado é alimentado pela proximidade das eleições, por questionamentos à segurança das urnas eletrônicas, ataques a magistrados e andamento de processos judiciais envolvendo aliados do governo e até mesmo o presidente, que já chegou a declarar que não aceitaria o resultado de eleições que não considerasse realizadas de forma "limpa".
DIÁLOGO
Mais cedo, ao comentar encontro com o presidente do STM, Pacheco voltou a destacar a importância do diálogo e do fortalecimento da democracia.
"No encontro, além das pautas de interesse do STM no Senado, reforcei a ele a importância do diálogo entre todas as instituições para o fortalecimento da democracia e a preservação do Estado de Direito, condições fundamentais para o desenvolvimento social e econômico", disse Pacheco.
"E esse alinhamento, necessário para o processo de pacificação social, só é possível por meio do diálogo", acrescentou.
Em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro à cúpula do Judiciário, Pacheco tem chamado para si a responsabilidade de apaziguar os ânimos entre as instituições.
O presidente do Senado reuniu-se na véspera com o presidente do STF, Luiz Fux. Logo após a conversa, anunciou que procuraria o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e comandantes das Forças Armadas.
Na ocasião, declarou que as instituições têm o dever de dialogar para garantir as eleições e o ambiente democrático e alertou que deve-se evitar uma contaminação do clima pela proximidade das eleições, de forma a impedir o que considera "anomalias", citando ataques a instituições e à democracia, como os ocorridos no último domingo em manifestações de partidários de Bolsonaro.
Em pronunciamentos, o senador tem defendido a atuação independente da Justiça e também a lisura das eleições por meio das urnas eletrônicas, diante de questionamentos de Bolsonaro ao processo eleitoral.