Por Jake Spring
BELÉM (Reuters) - Uma dúzia de países com florestas tropicais formou um pacto nesta quarta-feira em uma cúpula no Brasil para exigir que os países desenvolvidos paguem para ajudar as nações mais pobres a combater as mudanças climáticas e preservar a biodiversidade.
A declaração conjunta, intitulada "Unidos por Nossas Florestas", foi emitida por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Indonésia, Peru, República Democrática do Congo, República do Congo, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela.
A Amazônia, a Bacia do Congo e o Sudeste Asiático abrigam as maiores florestas tropicais do mundo, ecossistemas críticos que absorvem dióxido de carbono e abrigam uma grande diversidade de espécies.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou a Cúpula da Amazônia desta semana em uma tentativa de forjar uma frente unida entre as nações de floresta tropical quando se envolverem em negociações internacionais como a cúpula do clima COP28 da ONU, que será realizada este ano.
“Nós vamos para a COP28 com o objetivo de dizer ao mundo rico que se quiserem preservar efetivamente o que existe de florestas é preciso colocar dinheiro não apenas para cuidar das copas da floresta, mas para cuidar do povo que mora lá embaixo"", disse Lula nesta quarta-feira.
Na declaração conjunta, os doze países pedem o desenvolvimento de mecanismos de financiamento para que o mundo pague pelos serviços críticos prestados pelas florestas.
Eles também expressaram preocupação com o não cumprimento pelas nações mais ricas da promessa de fornecer 100 bilhões de dólares em financiamento climático anualmente para os países em desenvolvimento. Além disso, pediram às nações desenvolvidas que cumpram um compromisso existente de fornecer 200 bilhões de dólares por ano para a preservação da biodiversidade.
Os países também condenaram o uso de medidas ambientais que, segundo eles, são disfarces para restrições comerciais, aludindo à aprovação pela União Européia de uma lei que proíbe empresas de importar bens relacionados ao desmatamento.
O pacto de quarta-feira se baseia em um acordo feito no dia anterior pelas oito nações amazônicas, que foi criticado por alguns ambientalistas por não conseguir garantir o compromisso de acabar com o desmatamento até 2030.
Lula, que há muito tempo busca construir blocos multilaterais com nações menos desenvolvidas, tem repetidamente pedido aos países ricos e industrializados que cumpram seus compromissos de financiar ações sobre mudanças climáticas em países mais pobres que pouco fizeram para causar o aquecimento global.
Na cúpula do clima do ano passado, Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia concordaram em formar uma aliança para pressionar os países ricos a pagar pela conservação. A inclusão da República do Congo na cúpula desta semana marca uma expansão gradual da cooperação.