JERUSALÉM (Reuters) - Policiais israelenses agrediram palestinos que carregavam o caixão da jornalista Shireen Abu Akleh, da emissora da Al Jazeera, nesta sexta-feira, antes que milhares de pessoas levassem seu caixão através da Cidade Velha de Jerusalém, em uma expressão de dor e raiva por sua morte.
Em volta do caixão de Abu Akleh, dezenas de palestinos, alguns agitando bandeiras palestinas e gritando "com nossa alma e sangue redimiremos você, Shireen", começaram a caminhar em direção aos portões do Hospital São José.
Os policiais israelenses, em uma aparente tentativa de impedi-los de prosseguir a pé, em vez de levar o caixão de carro, irromperam pelos portões do pátio e avançaram contra a multidão, alguns batendo nos carregadores de caixão com bastões e chutando-os.
Em certo ponto, o grupo que carregava o caixão ficou contra uma parede e o caixão quase caiu, sendo reerguido pouco antes de uma das pontas atingir o chão, enquanto granadas de atordoamento eram detonadas.
As cenas de violência, que duraram apenas alguns minutos, se somaram à indignação palestina pela morte de Abu Akleh. O caso ameaça alimentar a violência que se intensificou desde março.
Abu Akleh, que acompanhava os assuntos palestinos e o Oriente Médio há mais de duas décadas, foi baleada enquanto reportava sobre uma operação israelense na Cisjordânia ocupada, na quarta-feira.
As autoridades palestinas descreveram a morte de Abu Akleh como um assassinato pelas forças israelenses. O governo de Israel sugeriu inicialmente que disparos palestinos poderiam ter sido culpados, mas as autoridades também disseram que não podiam descartar que tivessem sido tiros israelenses que a mataram.
Sobre o incidente desta sexta, a polícia israelense disse que um grupo de palestinos do lado de fora do hospital, que eles descreveram como desordeiros, tinha começado a atirar pedras nos oficiais. "Os policiais foram forçados a agir", acrescentou.
Alguns minutos após a intervenção da polícia, o caixão de Abu Akleh foi colocado em um veículo que se dirigiu para a Catedral da Anunciação da Virgem, na Cidade Velha Murada de Jerusalém, onde a cerimônia fúnebre prosseguiu pacificamente.
Multidões de palestinos ocuparam as estreitas vielas da Cidade Velha enquanto o caixão era carregado até o Cemitério do Monte Zion, nas proximidades.
(Reportagem de Maayan Lubell, em Jerusalém; Ali Sawafta, em Ramallah; e Nidal al-Mughrabi, em Gaza)