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Putin parece recuar em ameaças após países nórdicos avançarem em planos para entrar na Otan

Publicado 16.05.2022, 11:21
© Reuters. Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião da Organização do Tratado de Segurança Coletiva em Moscou
16/05/2022 Alexander Nemenov/Pool via REUTERS

Por Simon Johnson e Tom Balmforth

ESTOCOLMO/KIEV (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, pareceu recuar nesta segunda-feira nas objeções da Rússia às entradas de Suécia e Finlândia na Otan, dizendo que Moscou não tinha problemas com a adesão deles à aliança militar liderada pelos Estados Unidos, uma decisão tomada em reação à invasão russa à Ucrânia.

Embora o líder russo tenha dito que Moscou agiria se a Otan colocasse mais tropas ou equipamentos no território dos seus novos membros --o que Finlândia e Suécia já descartaram--, ele afirmou que a expansão da Otan em si não é uma ameaça.

“Sobre a expansão, incluindo novos membros Finlândia e Suécia, a Rússia não tem problemas com esses países -- nenhum. E no sentido de que não há ameaça imediata à Rússia por uma expansão que inclua essas nações”, disse Putin.

Os comentários parecem marcar uma grande mudança de posição da Rússia. Por décadas, Moscou considerou a expansão da Otan com novos membros uma ameaça direta à segurança da Rússia, inclusive citando-a como uma justificativa para a própria invasão à Ucrânia.

Apenas horas antes de Putin falar, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que Finlândia e Suécia estavam cometendo um erro que teria amplas consequências: “Eles não devem se iludir de que nós simplesmente vamos tolerar isso”.

O próprio porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, questionado na quinta-feira se a entrada da Finlândia na Otan era uma ameaça à Rússia, disse: “Definitivamente. A expansão da Otan não torna nosso continente mais seguro e estável”.

Mas, diante da perspectiva de que suas ações possam causar a própria expansão da Otan à qual ele havia se oposto, Putin parece ter decidido não ser diretamente contra.

Ele disse, no entanto, que a ampliação da Otan estava sendo usado pelos Estados Unidos de uma maneira “agressiva” para piorar uma situação de segurança global que já é difícil, e que a Rússia responderia se a aliança avançar armas ou tropas.

"A expansão da infraestrutura militar neste território certamente provocaria nossa resposta", afirmou Putin aos líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que inclui Belarus, Armênia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão.

Não alinhadas durante a Guerra Fria, Finlândia e Suécia dizem que agora querem a proteção oferecida pelo tratado da Otan, sob o qual um ataque a um dos membros é um ataque contra todos.

“Estamos deixando uma era para trás e entrando em uma nova”, disse a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, anunciando os planos de abandonar formalmente o status de não alinhamento militar que tem sido pilar da identidade nacional da Suécia há mais de 200 anos. “A Otan fortalecerá a Suécia, a Suécia fortalecerá a Otan”, disse.

Autoridades suecas e finlandesas disseram que o próprio Putin é o culpado pelas decisões de entrar na Otan. O ex-primeiro-ministro sueco, Carl Bildt, tuitou uma foto de um prêmio falso para Putin como “vendedor do ano da Otan”.

© Reuters. Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião da Organização do Tratado de Segurança Coletiva em Moscou
16/05/2022 Alexander Nemenov/Pool via REUTERS

A Rússia deu poucas pistas específicas sobre o que fará em resposta ao alargamento nórdico da Otan, as maiores consequências estratégicas da invasão russa da Ucrânia até hoje.

Um dos aliados mais próximos de Putin, o ex-presidente Dmitry Medvedev, disse no mês passado que a Rússia poderia mobilizar armas nucleares e mísseis hipersônicos no exclave russo de Kaliningrado se a Finlândia e a Suécia se juntassem à Otan.

A Otan, fundada em 1949 para fornecer segurança europeia contra a União Soviética, supera a Rússia em quase todas as medidas militares, exceto armas nucleares, embora a espinha dorsal do poder militar da aliança seja os Estados Unidos -- cujas forças estão mobilizadas sobretudo longe da Europa.

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