RIO DE JANEIRO (Reuters) - O quiosque onde o congolês Moise Kabagambe trabalhava no Rio de Janeiro era administrado irregularmente por um policial militar, informou a Orla Rio, empresa responsável pela concessão de quiosques das praias cariocas.
O operador do quiosque Celso Carnaval concedeu de forma ilegal a administração do quiosque Biruta, onde Moise trabalhava como diarista, a um cabo da PM. A Orla Rio move um processo para a reintegração do quiosque.
Moise foi morto há cerca de 10 dias entre esse quiosque, o Biruta, e um quiosque vizinho, o Tropicália, Ele foi espancado até a morte por ao menos três homens.
Segundo a concessionária, as irregularidades no quiosque envolvem também a não comprovação da regularização dos funcionários, desrespeito a regras sanitárias e inadimplência.
O PM prestou depoimento nesta quinta-feira na delegacia responsável pelas investigações sobre a morte do africano.
"Ele não é o dono do quiosque", disse o advogado do cabo, Lennon Ribeiro. "Segundo o Alauir, o Moise era um rapaz tranquilo e não tinha problemas com outras pessoas até 2019, período que ele (o cabo) frequentou o quiosque", acrescentou.
Fontes ligadas às investigações sobre a morte do congolês disseram que nos depoimentos, os três presos negaram que o crime tenha tido um mandante ou sido motivado por racismo ou preconceito de raça ou origem.
A família do congolês foi recebida nesta quinta por representantes da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
"Houve uma série de violações na morte de Moise; com tortura, agressão, corpo amarrado... isso mostra como negros e imigrantes de uma valorização abaixo na sociedade", disse a presidente da comissão, deputada Dani Monteiro.
O irmão de Moise, Djodjo Kabagambe, disse que a família tem recebido "apoio de muita gente de dentro e de fora do país".
"O mundo está vendo a nossa história. Queremos que essas pessoas que fizeram isso com meu irmão paguem por isso", afirmou.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)