BRASÍLIA (Reuters) - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) manifestou crescente preocupação com a proliferação na noite desta segunda-feira de protestos violentos de bolsonaristas, que, após entrarem em conflito com a polícia na região central de Brasília, dirigiram-se para o hotel que hospeda o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador, que integra a equipe de transição de governo, criticou o que considerou "tamanha tolerância" das forças policiais e fez um apelo ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha --aliado de Bolsonaro--, para que tome medidas mais duras diante do que considerou serem ameaças à integridade física de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin.
"Nas últimas horas aumentou a nossa preocupação porque esses terroristas, apoiados por outros, passaram a cercar os arredores do hotel onde está hospedado o presidente eleito. Isso nos traz enorme preocupação", disse o senador à CNN Brasil.
Apesar da declaração de Randolfe, o senador eleito Flávio Dino, indicado por Lula como ministro da Justiça do próximo governo, afirmou em um tuíte que a "a segurança do presidente Lula está garantida".
Randolfe acrescentou que apresentará ao STF o indiciamento da primeira-dama Michelle Bolsonaro por supostamente "distribuir quentinhas" para bolsonaristas que estão ocupando o Palácio da Alvorada.
"Esses eventos começaram na tarde, o primeiro ato terrorista ocorreu à tarde, quando o Palácio da Alvorada foi ocupado sob autorização do atual presidente, o atual inquilino do Palácio do Planalto, inclusive com a atual primeira dama, a senhora Michelle, distribuindo quentinhas para aqueles que estavam ocupando o Palácio da Alvorada, o que deixa latente também uma ameaça de dilapidação de um prédio público nas vésperas da posse do presidente eleito", afirmou.
Os protestos, que ocorrem no mesmo dia em que Lula e Alckmin foram diplomados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tiveram início a partir da prisão de liderança indígena que apoia Jair Bolsonaro. Vestidos com camisas amarelas, apoiadores do presidente tentaram invadir prédio da Polícia Federal na região central de Brasília.
A tensão aumentou e houve confornto com a polícia. Enquanto manifestantes usaram pedras, pedaços de madeira, bombas caseiras e fogos de artifício, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
Manifestantes chegaram a atear fogo em carros e ônibus e praticaram atos de vandalismo. Depois, mais dispersos, passaram a se movimentar na direção do hotel onde está Lula, que teve sua segurança reforçada.
Muitos apoiadores de Bolsonaro ainda inconformados com o resultado das eleições têm se aglomerado em frente a quartéis generais e também se reunido em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente, em defesa de uma "intervenção federal" --o que seria um golpe militar, já que não há previsão legal para isso-- para impedir a posse de Lula.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)