Por Clement Uwiringiyimana
KIGALI (Reuters) - Um tribunal em Ruanda decidiu nesta terça-feira que um recurso movido por procuradores em um caso envolvendo Paul Rusesabagina, que foi retratado no filme "Hotel Ruanda" abrigando centenas de pessoas durante o genocídio de 1994, pode avançar em sua ausência.
Rusesabagina, de 67 anos, foi condenado a 25 anos de prisão após ser considerado culpado em setembro de oito acusações de terrorismo relacionadas a atividades de uma organização que faz oposição ao governo do presidente Paul Kagame.
Rusesabagina se recusou a participar do julgamento, que foi denunciado por seus apoiadores como uma farsa politicamente motivada.
Procuradores públicos solicitaram pena perpétua e anunciaram após o julgamento que iriam recorrer.
Eles não disseram o que querem com o recurso, que também envolve 20 outros réus que foram julgados na mesma época em que Rusesabagina. Sua família disse que procuradores estão buscando que sua sentença seja transformada em perpétua.
A audiência do recurso deveria começar na segunda-feira, mas Rusesabagina, que está em uma prisão em Ruanda, não apareceu e o tribunal adiou a sessão para verificar se ele havia sido notificado.
Rusesabagina rejeita todas as acusações contra ele. Sua família e apoiadores dizem que seu caso é um exemplo do tratamento brutal de Kagame contra seus adversários políticos.
Ele já reconheceu desempenhar um papel de liderança no Movimento de Ruanda pela Mudança Democrática (MRCD), mas negou responsabilidade pela violência causada pela ala armada do movimento, a Frente Nacional de Libertação (FLN). Os juízes dizem que os dois grupos são indistinguíveis.