(Reuters) - O romancista best-seller Dmitry Glukhovsky disse que as vendas de seus livros, que retratam a vida no metrô de Moscou após um apocalipse nuclear, aumentaram desde que a Rússia o colocou em uma lista de "procurados" por se opor à guerra na Ucrânia e ele foi forçado a fugir para o exterior.
Glukhovsky, 43, é conhecido principalmente por seu romance distópico "Metro 2033" e suas sequências, juntamente com seus videogames derivados, sobre como os moscovitas sobrevivem no famoso sistema de metrô da cidade --"o maior abrigo nuclear do mundo"-- depois de uma guerra.
Com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e outros políticos importantes russos alertando regularmente o Ocidente sobre a possibilidade de guerra nuclear por causa do apoio ocidental à Ucrânia, Glukhovsky disse que não é surpreendente que os russos estejam tentando imaginar a vida após tal desastre.
"Está nos aproximando muito (da meia-noite) porque durante os tempos soviéticos, durante os tempos da Guerra Fria, ninguém ousou realmente invocar isso (a possibilidade do Armagedom)...", disse ele à Reuters em entrevista de um local não revelado.
"...Nunca um diplomata, muito menos um chefe de Estado, ameaçaria outra superpotência com o uso de armas nucleares contra sua capital. Então isso definitivamente nos deixa muito mais perto dessa possibilidade", disse ele, falando em inglês.
Cientistas atômicos ajustaram na terça-feira o "Relógio do Fim do Mundo" --um relógio simbólico-- com base em sua avaliação mais recente de quão perto eles acreditam que a humanidade está da aniquilação devido a ameaças existenciais como a guerra nuclear. O "horário" agora é de 90 segundos para a meia-noite, disseram eles, 10 segundos mais perto do que nos últimos três anos.
Glukhovsky deplorou o que chamou de "rotinização" das ameaças nucleares pelos líderes russos, mas disse que a guerra na Ucrânia provavelmente não desencadeará uma catástrofe nuclear global.
"...o regime russo não é suicida. Você sabe, eles não são fanáticos religiosos ou políticos. Eles são muito pragmáticos. Eu diria que eles são motivados principalmente por coisas como ganância e auto-estima. E eu não consigo ver (como) a ganância e a auto-estima podem levá-lo a começar um holocausto nuclear", disse ele.
(Reportagem da Reuters TV)