Por Max Hunder e Natalia Zinets
KIEV, Ucrânia (Reuters) - Moscou disse nesta quinta-feira que 1.730 combatentes ucranianos se renderam em Mariupol ao longo de três dias, incluindo 771 nas últimas 24 horas, alegando uma rendição em uma escala muito maior do que Kiev reconheceu desde que ordenou às suas tropas para se entregarem.
O resultado final da batalha mais sangrenta da Europa em décadas permanecia sem confirmação do destino dos centenas de soldados ucranianos que resistiram em uma enorme siderúrgica ao final de um cerco de quase três meses.
A Ucrânia, que diz que pretende garantir uma troca de prisioneiros, se recusou a dizer quantos estavam dentro da usina ou comentar sobre o destino do restante desde que confirmou que pouco mais de 250 se renderam nas primeiras horas depois que ordenou que cedessem.
O líder dos separatistas apoiados pela Rússia no controle da área disse que quase metade dos combatentes permanecia dentro da siderúrgica, onde bunkers e túneis subterrâneos os protegeram de semanas de bombardeio russo.
"Mais da metade já foi embora, mais da metade depôs as armas", disse Denis Pushilin ao canal Solovyov Live. "Deixe-os se render, deixe-os viver, deixe-os honestamente enfrentar as acusações por todos os seus crimes."
Os feridos receberam tratamento médico, enquanto os que estavam aptos foram levados para uma instituição penal e estavam sendo bem tratados, afirmou ele.
Autoridades ucranianas dizem que não podem comentar publicamente sobre o destino dos combatentes, já que as negociações estão em andamento nos bastidores para resgatá-los.
"O Estado está fazendo o máximo para resgatar nosso pessoal militar", disse o porta-voz militar Oleksandr Motuzaynik em entrevista coletiva. "Qualquer informação ao público pode colocar em risco esse processo."
A Rússia nega que tenha concordado com uma troca de prisioneiros por eles. Muitos dos defensores de Azovstal pertencem a uma unidade ucraniana com origens de extrema-direita, o Regimento Azov, que Moscou chama de nazistas e diz que devem ser processados por crimes. A Ucrânia os chama de heróis nacionais.
O fim dos combates em Mariupol, a maior cidade que a Rússia capturou até agora, permite que o presidente russo, Vladimir Putin, reivindique uma rara vitória na invasão iniciada em 24 de fevereiro. Dá à Rússia o controle total do Mar de Azov e um trecho ininterrupto de território ao longo do leste e do sul da Ucrânia.
A Ucrânia afirma que dezenas de milhares de civis morreram em quase três meses de cerco e bombardeio russos que devastaram a cidade. A Cruz Vermelha e as Nações Unidas dizem que o número real é incalculável, mas pelo menos na casa dos milhares, tornando-se a batalha mais sangrenta na Europa pelo menos desde as guerras da Chechênia e dos Bálcãs na década de 1990.
Moscou nega atacar civis em sua "operação militar especial" para desarmar e "desnazificar" sua vizinha. A Ucrânia e o Ocidente dizem que as forças russas mataram milhares de civis em uma guerra de agressão não provocada.