CABUL (Reuters) - Pelo menos três pessoas foram mortas em protestos contra o Taliban na cidade afegã de Jalalabad nesta quarta-feira, disseram testemunhas, enquanto o grupo islâmico consolida o poder e países ocidentais aumentam os voos de retirada de pessoal de um caótico aeroporto de Cabul.
Milhares de pessoas estão tentando fugir do país temendo um retorno à interpretação austera da lei islâmica imposta durante o regime anterior do Taliban, que terminou há 20 anos.
Testemunhas disseram que membros armados do Taliban estavam impedindo as pessoas de entrar no aeroporto, incluindo aquelas com os documentos necessários para viajar.
"É um desastre completo. O Taliban estava atirando para o alto, empurrando as pessoas, batendo nelas com AK47", disse uma pessoa que tentava passar.
Uma autoridade do Taliban disse que comandantes e soldados atiraram para o ar para dispersar a multidão do lado de fora do aeroporto de Cabul, mas disse à Reuters: "Não temos intenção de ferir ninguém".
Autoridades dos EUA disseram ao Taliban que esperam que o grupo permita que todos os cidadãos norte-americanos, todos os nacionais de terceiros países e todos os afegãos que desejam partir o façam com segurança e sem perseguições, disse a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, a repórteres em Washington.
Mas os 4.500 soldados norte-americanos em Cabul não podem ajudar a trazer pessoas ao aeroporto para retirada porque estão focados em proteger o campo de aviação, disse o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, em entrevista coletiva em Washington, reconhecendo que as saídas não atingiram os alvos.
O general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, disse que a segurança no aeroporto de Cabul estava estável e que o Taliban não estava interferindo nas operações militares dos EUA.
A cerca de 150 km a leste da capital, em Jalalabad, os protestos contra o Taliban foram um teste inicial da promessa do grupo de governo pacífico.
Depois de tomar o poder no fim de semana, o Taliban disse que não se vingaria de velhos inimigos e que respeitará os direitos das mulheres dentro da estrutura da lei islâmica.
Duas testemunhas e um ex-policial disseram à Reuters que combatentes do Taliban abriram fogo quando residentes tentaram instalar a bandeira nacional do Afeganistão em uma praça da cidade, matando três e ferindo mais de uma dúzia.
Porta-vozes do Taliban não foram encontrados para comentar o assunto.