Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - A menos de uma semana da posse, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tenta fechar seu ministério em mais uma reunião para acertar o futuro de Simone Tebet (MDB-MS), hoje a principal peça que falta ser encaixada no xadrez de aliados na composição do futuro governo.
No final de semana, Lula voltou a oferecer à senadora o Ministério do Planejamento mas, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, Tebet não deve aceitar. Para fazê-lo, a senadora apresenta uma lista de exigências --entre elas, o controle dos bancos públicos, hoje com a Fazenda, e do programa de Parcerias em Investimentos (PPI), ligado à Casa Civil-- que já sabe ser inaceitáveis para o PT.
Além da falta de interesse da própria senadora na pasta, também o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad --que é ouvido por Lula sobre essa decisão-- preferia outro nome no Planejamento, já que terá que trabalhar de forma muito próxima ao ocupante do cargo.
Tebet, que foi candidata à Presidência e se uniu a Lula no segundo turno, chegou a aceitar o convite para o Ministério do Meio Ambiente, condicionada à concordância de Marina Silva (Rede), e que a deputada eleita aceitasse a Autoridade Nacional do Clima (ANC), que deverá ser criada.
Marina, no entanto, desmontou o acordo ao não aceitar a ANC, que agora defende como um cargo técnico ligado ao MMA --diferentemente do que seria inicialmente. A própria deputada eleita deve ser a ministra da área.
O que se desenha no momento é uma composição que permitiria a Tebet assumir o Ministério das Cidades. A pasta já está prometida ao MDB e deveria ficar com a bancada da Câmara, enquanto o Ministério dos Transportes ficaria com a bancada no Senado da sigla.
O desenho, que vem sendo trabalhado por Lula, colocaria Tebet em Cidades, o que agradaria a senadora, mas ainda daria outras duas pastas ao MDB. O ex-governador Renan Filho, eleito paras o Senado, ocuparia o Planejamento, abrindo espaço para a bancada da Câmara ficar com o Ministério dos Transportes.
De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, Haddad não teria problemas com Renan Filho no Planejamento.
A pasta, que perdeu alguns poderes com a criação do Ministério de Gestão, deve se concentrar apenas no planejamento futuro de governo e não tem muito apelo político, mas se mantém como parte da equipe econômica do governo.
Haddad queria ver no cargo o economista André Lara Resende, com quem tem bom relacionamento. No entanto, de acordo com uma fonte, Resende negou o convite e estaria fora dos planos do governo.
No momento, os nomes mais fortes são o de Renan Filho, nessa composição que resolveria o caso de Tebet, ou do deputado petista Reginaldo Lopes (MG) --qualquer um dos dois agradaria Haddad.
Reginaldo também é cotado para o Desenvolvimento Agrário, a depender do desenho do ministério que se formar ao se solucionar a situação de Simone Tebet. Outro nome que desponta para a pasta é de Edegar Pretto, deputado estadual do Rio Grande do Sul que foi candidato ao governo do estado.
Até o próximo domingo, quando toma posse, Lula ainda tem 16 ministérios para definir: Transportes, Secretaria de Comunicação da Presidência, Agricultura, Desenvolvimento Agrário, Cidades, Comunicações, Esportes, Gabinete de Segurança Institucional, Integração Nacional, Meio Ambiente, Minas e Energia, Pesca, Planejamento, Povos Indígenas, Previdência e Turismo.
Nessa lista estão os acordos para contemplar não apenas o MDB, como o PSD e o União Brasil, que o presidente eleito quer ver compor sua base.
Na briga por espaço, o MDB quer duas pastas além de Tebet, que consideram como cota pessoal de Lula. No entanto, a possibilidade de o partido ter mais de duas pastas abre o apetite das demais siglas, a quem foi oferecido também dois ministérios para cada um.
Por enquanto, o PSD deve ficar com os ministérios de Minas e Energia e Agricultura, enquanto o União Brasil poderá ter Integração Nacional e outra Pasta a ser definida.
(Edição de Flávia Marreiro)