Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise entre Rússia, Estados Unidos e União Europeia sobre Ucrânia, o tema foi inevitável no diálogo entre os ministros das Relações Exteriores e da Defesa de Brasil e Rússia, nesta quarta-feira, em Moscou, apesar da intenção do governo brasileiro de evitar o assunto.
"Tratamos de temas da conjuntura internacional, sobretudo em nossas regiões, e também abordamos questões afetas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse sobre o assunto, laconicamente, o chanceler Carlos França, depois do encontro.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, no entanto, foi mais explícito.
"Também fizemos uma troca de opiniões sobre a avaliação geopolítica nas diferentes regiões, na região da Ásia do pacífico, bem como na região europeia Atlântica e a Europa do Leste. Bem como discutimos muito a abordagem dos EUA de trocar o direito internacional por suas ordens que eles pensam criar", disse Lavrov, ao lado de França. "Estamos falando da tentativa dos EUA de dividir o mundo em duas partes, países democráticos e não democráticos, países prestigiado e outros."
Não houve comentário da parte do brasileiro sobre essa posição russa.
O encontro foi centrado, no entanto, no interesse brasileiro de cooperação em tecnologia militar entre os dois países.
"A Rússia é para o Brasil uma referência mundial em desenvolvimento tecnológico, sobretudo no âmbito de sua indústria de defesa, e o Brasil privilegia a oportunidade de transferência de tecnologia em suas parcerias internacionais nesse setor de defesa", disse o chanceler brasileiro.
No encontro, foi assinado um protocolo sobre proteção mútua de informações classificadas que, segundo França, adequa o acordo com a Rússia à lei de proteção de dados brasileira.
"A importância desse entendimento bilateral é a que devemos ter uma cooperação facilitada em tecnologia de ponta e áreas sensíveis", afirmou França.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília)