LVIV/ODESSA, Ucrânia (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia acusou neste domingo as forças russas de realizarem um "massacre" na cidade de Bucha, enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, descreveu imagens de cadáveres como "um soco no estômago".
Autoridades ucranianas e europeias expressaram indignação neste domingo com o que alegaram ser atrocidades cometidas por forças russas perto de Kiev antes dos invasores se retirarem da região para concentrar ataques em outros lugares.
O prefeito de Bucha, uma cidade a 37 quilômetros a noroeste da capital, disse no sábado que 300 moradores foram mortos durante a ocupação pelo exército russo, que já dura um mês. A Reuters pôde verificar as vítimas em uma vala comum e algumas delas ainda caídas nas ruas.
O Ministério da Defesa da Rússia negou as alegações ucranianas, dizendo que imagens e fotografias mostrando cadáveres em Bucha eram "mais uma provocação" de Kiev.
A Ucrânia disse no sábado que suas forças retomaram todas as áreas ao redor da capital, recuperando o controle total da região pela primeira vez desde que a Rússia iniciou a invasão em 24 de fevereiro.
A Rússia retirou as forças que rondavam Kiev pelo norte para reagrupá-las para batalhas no leste da Ucrânia.
A Rússia havia negado anteriormente ter civis como alvos e rejeitou as alegações de crimes de guerra no que chama de "operação militar especial" na Ucrânia.
Um assessor do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse neste domingo que tropas ucranianas encontraram corpos de mulheres que teriam sido estupradas e queimadas, bem como os corpos de membros de governos locais e de crianças.
"Há homens assassinados cujos corpos apresentam sinais de tortura. Suas mãos foram amarradas e eles foram mortos com tiros na nuca", disse Oleksiy Arestovych à televisão ucraniana.
Sergey Nikiforov, porta-voz de Zelensky, disse à BBC: "Tenho que ter muito cuidado com minhas palavras, mas parece exatamente com crimes de guerra".
Membros do alto escalão da União Europeia disseram que quaisquer crimes de guerra em potencial devem ser investigados.
"Chocado com as notícias de atrocidades cometidas pelas forças russas. A UE está ajudando a Ucrânia a documentar os crimes de guerra", disse o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, no Twitter, acrescentando que todos os casos precisam ser investigados pela Corte Internacional de Justiça.
A secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss, disse que há "provas de atos terríveis das forças invasoras em cidades como Irpin e Bucha", e disse que Londres apoiará qualquer investigação do Tribunal Penal Internacional.
(Por Issam Abdallah e Pavel Polityuk)