Por Alessandra Prentice
ZAPORIZHZHIA, Ucrânia (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se dirigiu a suas Forças Armadas nesta segunda-feira dizendo que estão lutando por seu país, em um desfile de poder de fogo russo em Moscou, enquanto suas tropas intensificaram o ataque de 10 semanas à Ucrânia.
Autoridades ucranianas disseram que intensos combates estão em andamento no leste da Ucrânia e alertaram as pessoas para se protegerem dos previstos ataques com mísseis, ao mesmo tempo em que Moscou celebrou o 77º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
Quatro mísseis Onyx de alta precisão disparados da península da Crimeia, controlada pela Rússia, atingiram a área de Odesa, no sul da Ucrânia, disseram os militares ucranianos mais tarde, sem dar detalhes.
Putin afirmou que a "operação militar especial" da Rússia é uma medida puramente defensiva e inevitável contra os planos, apoiados pela aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), de invasão de terras, as quais, segundo ele, são historicamente da Rússia, incluindo a Crimeia.
"A Rússia repeliu preventivamente o agressor", disse ele, sem oferecer evidências do que chamou de preparativos abertos para atacar a Crimeia e a região de Donbas, na Ucrânia.
Em 2014, separatistas apoiados pela Rússia tomaram partes de Donbas no leste da Ucrânia e a Rússia anexou a Crimeia da Ucrânia no mesmo ano. Moscou então concentrou tropas em torno da Ucrânia no ano passado antes de uma invasão total que a Ucrânia e seus aliados ocidentais dizem ter sido totalmente não provocada.
"Os países da Otan não iriam atacar a Rússia. A Ucrânia não planejava atacar a Crimeia", disse o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak após os comentários de Putin.
Putin não mencionou a Ucrânia pelo nome em seu discurso e não deu nenhuma indicação de quanto tempo a guerra pode continuar.
Também não houve referência à sangrenta batalha de Mariupol, onde um dos defensores ucranianos escondido nas ruínas da siderúrgica de Azovstal pediu à comunidade internacional que ajudasse a retirar os soldados feridos.
"Continuaremos lutando enquanto estivermos vivos para repelir os ocupantes russos", disse o capitão Sviatoslav Palamar.
As forças russas devastaram vilarejos, vilas e cidades e levaram quase seis milhões de ucranianos a fugirem desde que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro.
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, disse que as forças russas agora estão tentando avançar no leste da Ucrânia, onde a situação é "difícil", mas recuaram da cidade de Kharkiv, onde uma autoridade local relatou intenso bombardeio russo.
O presidente Volodymyr Zelenskiy confirmou a morte de dezenas de pessoas no atentado russo a uma escola no leste da Ucrânia no sábado.
"Como resultado de um ataque russo a Bilohorivka na região de Luhansk, cerca de 60 pessoas foram mortas, civis, que simplesmente se esconderam na escola, abrigando-se de bombardeios", disse Zelenskiy em seu discurso noturno em vídeo.