Investing.com - Após a Vale (BVMF:VALE3) reportar resultados do quarto trimestre de 2022 com queda no lucro, analistas apontaram em relatórios que a volatilidade dos custos dos metais básicos segue impactando a companhia. Na visão do banco Goldman Sachs (NYSE:GS), os últimos três meses do ano foram marcados por volumes de vendas sazonalmente melhores e melhoria no custo do minério de ferro. Enquanto isso, o BTG (BVMF:BPAC11) acredita que a Vale é uma das poucas empresas no Brasil em que os ganhos devem subir nos próximos trimestres, diante de uma recuperação esperada da economia chinesa.
A Vale teve um lucro líquido de US$ 3,724 bilhões nos últimos três meses do ano passado, uma diminuição de 30,4% frente ao quarto trimestre de 2021 e de 16,4% em comparação ao terceiro trimestre de 2022.
Na visão do banco BTG, a previsibilidade dos números foi um fator positivo para o balanço da Vale, com desempenho estável e tranquilizador diante de um ano de 2022 complicado para a companhia. De acordo com os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, a Vale apresentou melhoria operacional e conseguiu estabilizar os custos, o que foi considerado satisfatório.
A Vale reportou dívida líquida total expandida de US$ 14,1 bilhões, acima das projeções do BTG de US$ 13 bilhões, mas abaixo teto de US$ 20 bilhões. “Acreditamos que há bastante margem para a Vale atuar em recompras com esse nível de alavancagem, mesmo que venha às custas de uma engrenagem ligeiramente mais alta”, detalham.
Segundo o BTG, a Vale é uma das ações preferidas com a tese de recuperação da economia chinesa de forma gradual neste ano. Os analistas acreditam que a atividade econômica deve apresentar sinais de melhora com a flexibilização de medidas restritivas contra a covid-19.
As operações da mineradora devem continuam a se recuperar, assim como os custos devem melhorar nos próximos trimestres. “Em nossa opinião, a administração continua altamente disciplinada em seu capital estratégia de alocação (capex de crescimento muito pequeno), e esperamos que a maior parte do médio prazo agenda para depender dos retornos de caixa dos acionistas”, completam.
O BTG estima yield de 11-13% para 2023, incluindo recompras, e possui recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$19 para as ADRs nos EUA.
Já o Goldman Sachs afirma que o desempenho operacional da Vale tem sido decepcionante. Para os analistas Marcio Farid, Gabriel Simoes e Henrique Marques, a produção, qualidade e custos estão piores do que as projeções nos últimos anos. Por outro lado, os preços do minério de ferro devem impulsionar os próximos resultados, segundo o Goldman. O time de commodities do banco estima que há possibilidade de alta nos preços para US$150 a tonelada no segundo trimestre deste ano.
Para o banco, enquanto os investidores têm aumentado sua exposição à Vale desde o terceiro trimestre, há um receio de que essa animação seja frustrada pelos indicadores chineses, de fato, prejudicando o consumo de aço do gigante asiático. Com isso em mente, o Goldman Sachs possui classificação neutra para as ações, com preço-alvo de US$12, abaixo do patamar atual.
A Ativa Investimentos foi mais pessimista sobre o balanço, considerando que a dinâmica de custos frustrou as expectativas. Conforme apontado pelo analista Ilan Arbetman, ainda que tenha ocorrido uma dinâmica positiva nos preços de minério de ferro, cobre e níquel, o fluxo de caixa livre foi afetado “por um forte capital de giro, capex e despesas com Brumadinho neste 4T22”. Arbetman acredita que os preços de minério de ferro estão altos e podem passar por correções.
A Ativa também conta com recomendação neutra, mas com preço-alvo de R$92 para as ações negociadas no Brasil.
Às 11h47 (de Brasília) desta sexta-feira, 17, as ações da Vale apresentavam queda de 0,54%, a R$88,71.