Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou a sua reunião de dois dias nesta terça-feira, 20, e a expectativa, segundo a XP (BVMF:XPBR31), é que a autoridade monetária mantenha a taxa Selic em 13,75% ao ano. O banco digital aponta que existe uma possibilidade menor de que os juros subam 0,25 p.p., mas que em ambos os cenários, os ativos pré-fixados continuam se beneficiando desse momento de alta da Selic.
“Os dados desde o último Copom foram, em nossa visão, de neutro para positivos para a perspectiva de inflação. A queda da inflação corrente e maior estabilidade das expectativas mostram um cenário mais benigno à frente. Em contrapartida, a demanda interna ainda forte e o mercado de trabalho com recuperação sólida podem atenuar a desinflação”, explica a XP.
As projeções sobre a inflação do banco digital, que replicam o modelo adotado pelo Copom, indicam um IPCA de 2022, de 6,0%; em 2023, de 4,3%; e em 2024 de 2,7%. Assim, a XP acredita que amanhã, com o fim da reunião, o Copom deverá sinalizar uma pausa para avaliação e não necessariamente o fim do ciclo de aperto monetário.
Selic: Expectativa é de pausa no ciclo de aperto, sem descartar alta de 0,25 p.p.
A manutenção da taxa no mesmo patamar que o adotado na última reunião interrompe uma trajetória de alta dos juros iniciada em março de 2021, mas a XP espera que o Copom mantenha a porta aberta para novos avanços da Selic, dependendo das incertezas locais e externas.
A XP aponta que caso isso realmente aconteça, é possível que haja algum reequilíbrio nas expectativas para os juros de curtíssimo prazo, que seriam reduzidas.
“Se houver concretização deste cenário, os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos (2023) poderiam apresentar valorização caso as taxas caiam. No entanto, para se adequar ao tom mais hawkish, as taxas para 2024 poderiam subir, criando uma possível oportunidade de compra a valores relativamente mais baixos e, ao mesmo tempo, taxas mais altas”, analisa a XP.
Cenário menos provável
Apesar da expectativa de manutenção dos juros em 13,75%, a XP não descarta completamente a possibilidade de que o Copom anuncie uma alta de 0,25 p.p., elevando a Selic para 14% ao ano.
Caso isso realmente aconteça e o colegiado sinalize o encerramento do ciclo de alta dos juros, existe a possibilidade de perda de inclinação na curva de juros, com as taxas para janeiro de 2023 se elevando no sentido de se adequarem à sinalização de nova alta, diz a XP
Isso também faria com que as expectativas para janeiro de 2024 caíssem, com projeção de 11,5% de Selic ao final do próximo ano.
“O cenário alternativo, em nossa visão, tem potencial de elevar as taxas de curtíssimo prazo, desvalorizando os títulos com vencimento em 2023. O contrário pode ser observado no caso dos vencimentos em 2024, uma vez que poderemos ver queda nas taxas sob este cenário”, estima a XP.