Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro demonstrou um novo comprometimento com o fim do desmatamento ilegal na Amazônia e está ciente de que o problema é um obstáculo para aprimorar os laços com a Europa, afirmou o vice-presidente da União Europeia, Josep Borrell, nesta quinta-feira, após encontro com o presidente Jair Bolsonaro.
Borrell se reuniu rapidamente com Bolsonaro na primeira visita ao Brasil de um representante sênior da UE em nove anos. Ele manteve conversas também com os ministros do Meio Ambiente e das Relações Exteriores.
"A disposição está ali, porque os ministros sabem que será bom para o Brasil colocar fim na exploração ilegal da floresta amazônica", disse Borrel à Reuters por telefone.
Nas reuniões climáticas da ONU em Glasgow nesta semana, o Brasil se juntou a mais de 100 países que se comprometeram a encerrar o desmatamento até 2030. O Brasil possui 60% da floresta amazônica, a maior do planeta, mas a destruição do ecossistema disparou desde que Bolsonaro chegou ao poder em 2019.
Borrell disse que o comprometimento do Brasil com a meta global de cortar emissões de gás metano, geradas pela agropecuária brasileira de grande escala, foi um outro passo na direção certa.
"Precisamos do Brasil no esforço global para combater a mudança climática. O mundo precisa do Brasil", disse.
A União Europeia é o principal destino para a madeira extraída ilegalmente na Amazônia, e que normalmente é exportada com falsos documentos de comprovação de origem.
Borrell disse que a UE está preparada para endurecer a verificação dos documentos para a madeira importada do Brasil para combater o comércio ilegal que movimenta bilhões de dólares por ano.
"Precisamos fazer a nossa parte para combater isso", disse.
Sem um avanço brasileiro na frente ambiental, e especialmente em relação ao desmatamento, os países membros não irão aprovar um acordo comercial da UE com o Mercosul que está sendo preparado há duas décadas, afirmou Borrell.
"Claramente há uma resistência grave à aprovação do acordo em alguns países que consideram as proteções ambientais insuficientes", disse.
Um documento que seria anexado ao acordo comercial contendo compromissos ambientais ainda não foi elaborado. "Estamos fazendo. É mais difícil do que parece", disse Borrell.
Diplomatas europeus disseram que não desistiram do acordo com o Mercosul, mas que é improvável que a Comissão Europeia leve o documento ao Conselho Europeu em breve.
"O Brasil está indo melhor, mas precisa fazer mais para melhorar sua imagem", disse um diplomata familiarizado com o assunto.