Por Yesim Dikmen
ISTAMBUL (Reuters) - Seis anos atrás, a cantora ucraniana Jamala conquistou a Europa com uma canção sobre a deportação de centenas de milhares de pessoas de sua terra natal na Crimeia pelo líder soviético Joseph Stalin na Segunda Guerra Mundial.
"Quando os estranhos vem, entram em sua casa, te matam e dizem 'não somos culpados'", cantou o hino sombrio que surpreendentemente saiu vitorioso no concurso Eurovision de canções de 2016, um evento que é normalmente leve e animado.
Hoje, Jamala é ela própria refugiada após a invasão comandada pelo presidente russo, Vladimir Putin, que conduziu ela e seus filhos a buscarem abrigo fora da Ucrânia.
"No dia 24 de fevereiro, meu marido acordou e me disse que a guerra havia começado e que a Rússia havia nos atacado. Naquele momento, fiquei chocada. Foi como um pesadelo", disse a cantora à Reuters em uma entrevista em Istambul.
A artista de 38 anos, cujo nome real é Susana Jamaladinova, se protegeu em um abrigo antibombas em Kiev antes de escapar para a Turquia com seus dois filhos --deixando seu marido para trás para combater o Exército russo que se aproximava.
A jornada para a segurança não foi fácil, e ela cantou para seus filhos para distraí-los do perigo.
"Estávamos no carro e escutei um barulho como um 'bzzzz'. Vimos um foguete bem em frente de nós", disse, descrevendo sua confusão sobre se passava ou voltava para trás. "Eu fiquei perdida, mas tive que seguir adiante. Foi terrível."
(Reportagem de Yesim Dikmen)