Por Will Dunham
(Reuters) - O diretor de cinema William Friedkin, aclamado pela direção de “Operação França”, em 1971, e “O Exorcista”, dois anos depois, morreu nesta segunda-feira, aos 87 anos, em Los Angeles.
Ele morreu em sua casa por insuficiência cardíaca e pneumonia, disse um porta-voz da Creative Artists Agency.
Friedkin estreou na direção de filmes na comédia musical “Tempos Felizes”, mas logo abandonou esse gênero e passou o restante de sua carreira gravando algumas das produções mais violentas, polêmicas e perturbadoras da história do cinema.
“Operação França” ganhou cinco Oscars, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor (para Friedkin) e Melhor Ator, com Gene Hackman, que fora inicialmente rechaçado pelo diretor. Ele preferia outros profissionais para interpretar o detetive Popeye Doyle.
Já “O Exorcista” chocou o cinema e até chegou a ofender algumas pessoas ao contar a história de uma menina de 12 anos, interpretada por Linda Blair, que passa por um assustador exorcismo católico. A produção se tornou um fenômeno cultural e um dos maiores arrecadadores de bilheteria da história, em valores atualizados.
Alguns críticos consideram “O Exorcista” o maior filme de terror de todos os tempos. O longa foi indicado a dez Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor.
“Meus filmes sempre foram um estudo dos comportamentos extremos do ser humano”, disse Friedkin em 2012. “Eles não são para jovens, mas para adultos. Se há alguma linha que eu não cruzaria? Não sei.”
Apesar de nenhum outro trabalho do diretor ter feito tanto sucesso posteriormente, ele também ficou conhecido por “Viver e Morrer em Los Angeles”, de 1985, e “Possuídos”, de 2006. A comédia negra “Killer Joe – Matador de Aluguel”, de 2011, também foi dirigida por ele.
Há quem não gostasse de Friedkin em Hollywood. Muitos colegas o consideravam estourado, arrogante e destemperado, comportamento que não era totalmente negado pelo diretor.
Em “Operação França”, os policiais interpretados por Gene Hackman e Roy Scheider na decadente Nova York dos anos 1970 tentam capturar um traficante de heroína francês. A produção, filmada ao estilo documentário, é tão bruta, violenta e cínica que era difícil distinguir os heróis dos vilões. Uma das cenas de perseguição mais icônicas do cinema ocorreu no filme, em uma linha de metrô de superfície.
Em “O Exorcista”, Friedkin usou formas excêntricas para arrancar o que considerava ser o melhor dos atores. Em um deles, deu um tapa. Com outro, disparou uma arma propositalmente para assustá-lo. O set de filmagens permaneceu em temperaturas baixíssimas, para que a respiração dos personagens pudesse ser vista.
Blair, que foi indicada ao Oscar pela esplêndida interpretação da menina possuída, ficou famosa por cenas que muitos não conseguem esquecer. Além de urinar, vomitar e levitar, em uma das imagens mais lembradas do cinema, sua cabeça gira em torno de seu pescoço. Como se não bastasse, ela ainda se masturba com um crucifixo. A atriz Mercedes McCambridge fazia a voz do demônio e tinha falas que até então poucos diretores tinham coragem de colocar no ar.
“Eu acredito que dentro de nós existem as forças do bem e do mal, constantemente batalhando por nossas almas”, disse Friedkin em 2012. “Todos temos nosso lado negro e nosso lado bom. ‘O Exorcista’ é uma metáfora disso.”
William David Friedkin nasceu em 29 de agosto de 1935 e cresceu em Chicago, filho de imigrantes ucranianos pobres. Sem poder pagar a universidade, trabalhou na sala de correspondência de uma emissora de TV local até passar a dirigir programas. Ele sofreu uma parada cardíaca em 1981, que atribuiu a seu gosto por pizzas e cachorros-quentes.
O diretor se casou com a atriz e empresária Sherry Lansing em 1991, após divórcios com as também atrizes Jeanne Moreau e Lesley-Anne Down e a apresentadora Kelly Lange.
(Reportagem de Will Dunham)